Lê e ler 8º edição | Page 5

u busquei, viu. Procurei por aí e tentei encontrar aquele livro. Aquele, da coleção Vagalume, do bum-que-te-bum-bum-bum, das aulas da escola e das dicas da professora durante o ano letivo. Sabem de uma coisa? Eu encontrei, encontrei vários. Mas, nem por um instante, parei e li. Parece que alguma coisa não estava tão certa.

O que acontece é que, diante da tentativa, uma culpa veio junto. Afinal, as aulas de literatura não costumavam ser tão empolgantes quando eu tinha a obrigação de ler. Então, não li, não mergulhei nas palavras como fazia com os meus gibis, cheios de Mônicas e Cascãos. Eu apenas passei as páginas, namorei as letrinhas. Ao folhear, a sensação foi de nostalgia. E então veio o cheiro das páginas, a saudade do passado e as lembranças, que mais pareceram grudar na narrativa e incorporar o ar que eu respirava enquanto lia. Natural, claro. Quando você tem trinta anos e resolve ler um livro que lia e relia aos 11, bom, acredito que seja assim mesmo. Mas algo não pareceu certo e, no meu caso, se deve ao fato de que nem sempre me recordo da infância. Com vocês também é assim?

Mesmo assim, me peguei pensando nas pessoas que amo, nas brincadeiras no quarto, na minha saia rodada e nas partidas de dominó. Fiquei surpresa de notar o quão retrô pode ser a sensação causada por um livro. Não que eu estivesse satisfeita, eu não estava, ainda mais sob o fato de que eu não me lembraria de momentos que lembrava na primeira leitura. Sério, voltar à infância nem sempre é uma reta. Mas, no decorrer da experiência, a coisa foi simplificando. E eu fui dando conta, como se as memórias da bruxa Onilda fossem minhas, como se o "De Repente Dá Certo", né, Ruth Rocha?, fosse escrito pra mim. Eu fui dando conta de que cresci e de que era óbvio que não me lembraria de cada segundo.

Foi bom, apesar de não ter lido de verdade. Bom, na verdade, li, mas em outro momento. E nada me impede de ler de novo, eu sei, mas creio que já terei criado outras coisas pra lembrar, pra associar. É isso, eu acho. Nisso que dá não querer que certas lembranças se apaguem. E está tudo bem.

Uma fraqueza

E

Não que eu estivesse satisfeita, eu não estava, ainda mais sob o fato de que eu não me lembraria de momentos que lembrava na primeira leitura. Sério, voltar à infância nem sempre é uma reta. Mas, no decorrer da experiência, a coisa foi simplificando. E eu fui dando conta, como se as memórias da bruxa Onilda fossem minhas, como se o "De Repente Dá Certo", né, Ruth Rocha?, fosse escrito pra mim. Eu fui dando conta de que cresci e de que era óbvio que não me lembraria de cada segundo.

Foi bom, apesar de não ter lido de verdade. Bom, na verdade, li, mas em outro momento. E nada me impede de ler de novo, eu sei, mas creio que já terei criado outras coisas pra lembrar, pra associar. É isso, eu acho. Nisso que dá não querer que certas lembranças se apaguem. E está tudo bem.

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Sério, voltar à infância nem sempre é uma reta."