O CAMINHO PARA O CÉU
Muitas semanas se passaram. A promessa de uma bela
primavera se realizava, com flores e folhas ganhando cor
e vida. Certa tarde, a Sra. Blake estava sentada sozinha,
pensando a respeito dos acontecimentos dos últimos
três ou quatro meses. A alegria do perdão estava em
seu coração. Ela havia comprado uma Bíblia para si
mesma e a lia todos os dias. Ela estava se livrando das
velhas concepções erradas que haviam ensinado, as
renunciando uma por uma. Ainda assim, havia nela uma
tristeza que ela não conseguia largar. Que triste a doença
súbita que levou à morte súbita do jovem padre! E seu
último olhar para ela! Suas últimas palavras! Aquela
mensagem terrível!
Por que ela foi abençoada e trazida para um refúgio
de paz, repleto de alegria celestial e ele não? Por que
aquelas mesmas palavras não levaram ao padre a
mesma mensagem que ela recebeu? Era algo terrível, um
verdadeiro mistério que jamais poderia ser explicado.
“Por quê?”, ela se perguntou, “Por que um Deus de amor
faria isso?”
Naquele exato momento, sua criada trouxe ao quarto
uma senhora com o rosto quase todo coberto por um
véu e ficou parada por alguns segundos, como se não
tivesse certeza do que estava fazendo. “Você não me
reconhece usando este véu, mas agora me reconhecerá”.
Após dizer essas palavras, ela tirou o véu de seu rosto e
revelou sua identidade: era a freira que havia entregado
a mensagem de maldição, quando estavam ao lado do
caixão aberto do padre.
A Sra. Blake se encolheu, sem saber quais eram as
intenções da visitante. A freira, percebendo seu medo,
a acalmou e fez uma pergunta: “Posso me sentar para
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