Livros A definição do cristianismo | Page 9

8 A DEFINIÇÃO DO CRISTIANISMO obscurecem os fatos básicos originais e imutáveis que constituem o âmago e a essência permanentes do cristianismo. Afinal de contas, o cristianismo não é essencialmente um sistema de moralidade (como o confucionismo) que precisa ser adaptado ao padrão inconstante dos séculos ou, então, se tornar antiquado. Nem é um sistema de verdades filosóficas universais e abstratas, cuja validade é independente dos pensadores que as perceberam primeiro. Nem é como muitas das religiões pagãs eram: um sistema de rituais cuja efetividade depende de sua correta execução. Como Paulo, porta-voz da igreja primitiva, assegurou, o cristianismo é a boa nova a respeito de uma pessoa histórica, Jesus Cristo de Nazaré, que, do lado humano, nasceu da descendência real de Davi e demonstrou ser Filho de Deus em poder por sua ressurreição dentre os mortos (Romanos 1:1-4). Jesus Cristo é em si próprio a boa nova: sua pessoa, sua vida – o que fez, ensinou e declarou – sua morte – o que ela realizou –, e sua ressurreição, que demonstraram que suas afirmações eram verdadeiras. Esses fatos históricos são o âmago do evangelho cristão, e o Novo Testamento é o registro deles e de suas implicações. De todos os autores do Novo Testamento, o maior gênio literário e histórico é, indubitavelmente, Lucas, o autor do Evangelho que leva seu nome e do volume que o acompanha, o Atos dos Apóstolos. Renan, que teve pouca simpatia com os conteúdos do Evangelho de Lucas, descreveu-o como “o livro mais lindo do mundo”; e Atos, embora não no mesmo sentido belo, serve a um propósito único, não apenas no Novo