RESENHA CRÍTICA SOBRE A OBRA CINEMATOGRÁFICA‘’O PERFUME DA MEMÓRIA’’ DE OSWALDO MONTENEGRO
O Perfume da Memória é um longa metragem-filme-obra-criação (importante destacar a dificuldade em classificar) brasileiro, dirigido e narrado por Oswaldo Montenegro, cujo também é musicista e além de narrar e dirigir, é compositor e cantor das músicas que compõe a trilha sonora. A obra cinematográfica conta a história de Ana (interpretada por Kamila Pistori) e Laura (interpretada por Amandha Monteiro), na verdade, o encontro de almas de Ana e Laura, duas mulheres com personalidades, vivências e modos de ver o mundo e viver a vida completamente diferentes. Ana é uma ‘’virtuose como plateia’’, como ela mesma se intitula, apaixonada pelas mais diferentes artes, é livre, leve, e gosa da sua suposta liberdade, além de ter conceitos que quebram o tradicionalismo social. Laura é o oposto, psicóloga de uma escola, prefere o estável e concreto, não entra em uma relação se não for para se aprofundar, escreve poemas que ela guarda a sete chaves e canta somente para os íntimos. Através de diálogos, brincadeiras, distração e até mesmo momentos mais dramáticos, as personagens vão se conhecendo e conhecendo a si próprias. São horas de conversas que abarcam questões existenciais, amorosas, artísticas e diversas reflexões, assim, Laura e Ana vão se apaixonando frame após frame.
Pela sinopse que foi dada, aparentemente a obra não ultrapassa o conceito fechado de romance e muito menos rompe com seus moldes pré-estabelecidos, que o que encontraremos é mais uma história de amor, porém, ao assisti-la, todos as nossas expectativas são quebradas e os nosso pré-conceitos desvencilhados. O que temos em O Perfume da Memória é uma obra que brinca com seu estatuto de filme e mescla diferentes gêneros e meios, resultando no que Florencia Garramuño chama de ‘’aposta no inespecífico’’. Por meio de formas diferentes de linguagem e características, constrói-se uma hibridez, promovendo à obra um caráter inconstante, que não se permite prender na caixa de um gênero, e sim flutuar.
MAYARA BONFIM