KAIROS n. 3 | Page 22

22

Eu gosto particularmente do Common Sense Model (traduzido para Modelo de Auto-regulação de Leventhal).

Na consulta externa, por vezes recorro a técnicas cognitivo-comportamentais, mas na maior parte das vezes a intervenção é mais psicodinâmica. Actualmente, tenho estado muito interessada nas intervenções baseadas na evidência, nas quais se incluem as Terapias baseadas na Mentalização de Peter Fonagy.

Quais as principais dificuldades com que os psicólogos clínicos se deparam em contexto hospital?

Eu acho que a grande dificuldade tem a ver com a falta de tempo. Uma coisa que me surpreendeu muito, quando vim para este Hospital foi a grande adesão que as pessoas tiveram à Psicologia, tanto os utentes como os técnicos.

Chegámos a ter situações de pessoas que estavam a ter apoio no internamento e no dia

seguinte, o vizinho da cama estava também a pedir apoio porque achava que precisava de ter alguém com quem pudesse conversar.

Os médicos e outros técnicos têm também mostrado grande sensibilidade ao nosso trabalho.

Claro que tudo isto é muito bom, mas depois o revés é que temos muitos pedidos de apoio e pouco tempo para conseguir fazer tudo (internamentos e consultas).

Outro aspecto que gostaria de referir, que não considero como uma dificuldade, mas sim um desafio, tem a ver com a

abrangência dos motivos dos pedidos de apoio.

Tal como nome diz - "Common Sense” - é um modelo muito simples, que pretende compreender como é que as pessoas constroem a representação da sua doença e que estratégias pensam utilizar para lidar com a mesma.

Temos de estar sempre a estudar porque se num momento nos pedem apoio para uma doença qualquer (algumas delas raras), no outro momento é suposto estar a apoiar uma situação de crise, ou realizar uma consulta com uma criança com alterações do comportamento.

É muito variado e desafiante.

A monotonia não existe neste trabalho!