Conhecendo Pessoas
‘‘Nada é tão bom que não possa ser melhorado.’’
Lucivaldo Macedo
Numa terra distante daqui,
especificamente no Agreste
sergipano, nascia Lucivaldo
Macedo. Aos 19 anos de idade, ele
migrou para Praia Grande-SP em
busca de dias melhores. Dois anos
antes, seu pai seguiu com sua mãe
para tratá-lo de uma doença grave na garganta. Não deu
tempo de ver seu pai partir. Em terras paulistanas não
demorou para conseguir um emprego. O seu primeiro de
carteira assinada. Ficou 5 anos e ao sair, tinha em mãos
seu certificado de informática e habilitação para carro,
moto e empilhadeira elétrica e a gás. Passou um ano
como motoboy, período em que conheceu melhor a
baixada santista. Logo foi
convidado para trabalhar registrado
novamente.
Nesse segundo emprego,
muita coisa mudou. Passou por
uma grande promoção, saindo do
chão de fábrica para o setor de TI,
concluiu o curso Técnico de Informática, registrando seu
nome na primeira turma da ETE de Praia Grande e
conheceu a grande mulher de sua vida, Enisete. Essa lhe
apresentou a área da Biblioteconomia, desconhecida até
então. Identificou-se muito e logo começou a faculdade
recebendo o título de Bacharel em Biblioteconomia
quatro anos mais tarde. Nesse período, com muita dor no
peito, teve de pedir as contas do serviço. É que pela
primeira vez, tinha alcançado um salário com mais de três
dígitos. Saiu do comércio e foi para a área jurídica. Após a
faculdade, emendou uma pós-graduação por mais um
ano e meio. Em 2011, participou do processo seletivo para
ser bibliotecário no SENAI. Em julho de 2012, foi chamado
para assumir o cargo na unidade de Campinas-SP,
considerada a maior do interior paulista.
Mais um desafio: a distância. Eram 250 km
diários, de segunda a sábado. Mas ele é uma
pessoa que não desiste fácil e diante de
dificuldades ele descobre oportunidades.
Olhava para trás e dizia “No primeiro
emprego, exerci meu Ensino Fundamental;
no segundo, meu Ensino Médio e, agora, vou
exercer minha graduação”. Assim o fez.
Participou de seminários, workshops,
dinâmicas sempre com o intuito de
aperfeiçoar sua atuação na área. Durante
seu estágio implantou a “Biblioteca de Lazer”
no escritório jurídico em que trabalhou.
Quando foi para o SENAI, as possibilidades
6 Jornal Vanguarda
se ampliaram. Teatro, música, dança, artesanato, jogos.
Encontrava em diversas áreas uma maneira de
demonstrar a importância de se ter a informação correta
no momento correto.
Nesse período, entrou no processo de adoção. Após
muitas provações, conseguiu duas meninas, uma de nove
anos, a Vitória, e outra com 2 anos, a Valentina. Essa,
devido a mãe biológica ter tomado
remédio abortivo, nasceu com parte
do cérebro apenas. Por conta disso,
desenvolveu hidro e microcefalia.
Mas essas limitações não os
fizeram desistir delas. Em 20 de
dezembro de 2013, Lucivaldo e
Enisete, voltaram para casa com suas filhas. Elas eram
do Rio de Janeiro. A mais velha teve de retornar ainda
algumas vezes para o abrigo. A mais nova, já ficou em
definitivo.
Depois de pouco mais de dois anos em Campinas,
conseguiu transferência para a capital. SENAI “Roberto
Simonsen”, no Brás, foi sua nova lotação. A realização
profissional só aumentou. Com o foco
sempre no usuário, aprimorou suas
técnicas. Implantou a Semana do Livro
e da Biblioteca, que hoje já faz parte do
calendário escolar; desenvolveu jogos
com conteúdo técnicos e gerais,
atingindo todas as necessidades
informacionais dos alunos; ministra oficinas e seminários
com temas relacionados às necessidades dos alunos,
entre outros. Por meio de peças de divulgação, descobriu
mais uma forma de levar a informação a quem precisa.
Fez curso de contação de história e se encontrou no
cordel. Hoje, ele recita cordéis temáticos em datas
comemorativas, tanto na escola, quanto fora dela.
Atualmente, o que ele mais gosta é de
curtir sua família embora não tenha muito
tempo para isso. Faz aulas de violão para um
dia, quem sabe, poder contar um cordel
musical. O seu maior livro é o que ele
escreve diariamente, o livro da sua vida,
onde ele é um eterno aprendiz. Uma das
frases que ele mais diz é “Nada é tão bom
que não possa ser melhorado”.
Essa é a síntese de uma história real. A
história do José Lucivaldo Macedo Santos,
Bibliotecário da Escola e Faculdade de
Tecnologia SENAI “Roberto Simonsen”. ■
Colaboração: Lucivaldo Macedo.