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Segunda-Feira 20/05/2019
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O LIBERALISMO ESTÁ DE VOLTA
Redação
O liberalismo, de um modo geral, e o liberalismo econômico, em especial, compõem
um conjunto de premissas sobre a ação humana e a produção de riqueza que se
articulou (e ainda se articula) como doutrina filosófica. Desse modo, o liberalismo
em economia não se dissocia de seu aspecto filosófico e político. Os principais
autores do liberalismo clássico, isto é, aquele que se desenvolveu nos séculos XVIII
e XIX, são: David Hume, Adam Smith, David Ricardo, Jeremy Bentham e Wilhelm
Humbolt. Os princípios básicos do liberalismo versam sobre a defesa do livre
mercado, do direito de propriedade privada, da liberdade da ação individual, o
que pressupõe a garantia das liberdades individuais pelo Estado, a não intervenção
demasiada do Estado sobre o mercado, a competitividade econômica e a geração
de riqueza. A exaltação do trabalho livre e assalariado, no contexto do século
XVIII, fez da ideologia liberal um dos pilares das manifestações políticas contrárias
às formas de escravidão que ainda vigoravam naquele período. É do liberalismo
também a ideia matriz de que a experiência econômica humana tem por regra a
escassez, o fator constante de não se ter os recursos necessários à sobrevivência, de
modo que tais recursos só podem ser gerados mediante a produção de riqueza e
o trabalho. A defesa da liberdade individual e da possibilidade de empreender e
desenvolver um negócio que seja competitivo dentro das leis do mercado são umas
das premissas mais caras ao liberalismo. A ideia de igualdade, para um liberal,
inclusive está intimamente associada a esse tipo de liberdade. A igualdade só pode
vigorar onde vigorar as garantias de trabalho livre e livre competição. Por cultivar
essa perspectiva, o liberalismo foi e ainda é constantemente atacado por ideologias
coletivistas, como o comunismo e o fascismo econômico (no sentido original,
elaborado por Mussolini). Ao liberalismo, portanto, é fundamental o terreno da
democracia representativa e do Estado Democrático de Direito, garantidor de
suas premissas. Um Estado demasiado estatizante ou autoritário – seja à direita
ou à esquerda – não se ajusta aos anseios liberais. A associação direta que se faz
entre liberalismo econômico e sistema capitalista, frequentemente assinalada por
opiniões da esquerda política, por vezes reduz as premissas democráticas liberais
a um “nebuloso mecanismo de exploração” sistêmica. Na virada do século XIX e
durante o século XX, o liberalismo foi revisitado por diferentes correntes, tanto
filosóficas quanto estritamente econômicas. Um dos simpatizantes ao liberalismo
é o principal representante da Escola Austríaca de Economia, Ludwig Von Mises.
Mises possui uma obra central para a compreensão da economia liberal e da
tradição que se seguiu a ela. Intitula-se “O liberalismo segundo a tradição clássica”.
Nessa obra, Mises assim define o liberalismo (atacando as ideologias que tentam
reduzi-lo ao esquema da “exploração capitalista”): “O liberalismo é o conceito mais
abrangente. Comporta uma ideologia que abarca toda a vida social. A ideologia
da democracia compreende apenas o domínio das relações sociais que se referem
à constituição do estado. A razão pela qual o liberalismo, necessariamente, exige
a democracia como corolário político ficou demonstrada na primeira parte deste
livro. Mostrar por que todos os movimentos antiliberais, inclusive o socialismo,
são também, necessariamente, antidemocráticos é tarefa para investigações que
procurem empreender uma análise exaustiva do caráter de tais ideologias.” (Von
Mises, Ludwig. O liberalismo segundo a tradição clássica. São Paulo: Instituto
Ludwig Von Mises Brasil, 2010. p 35).
Fonte: História do Mundo
A F I N A L D E C O N TA S, O Q U E E L E P R E G A?