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Sexta-Feira 10/05/2019
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O POTENCIAL CIENTÍFICO BRASILEIRO
Redação
Um país não faz ciência apenas investindo financeiramente em cientistas e laboratórios.
Esses investimentos são necessários, mas não são suficientes. É preciso ter em mente que o
progresso está naquilo de positivo que a ciência pode oferecer a um país e aos seus cidadãos.
E isso fica claro quando se analisa a situação do apoio à pesquisa científica no Brasil,
que ainda sofre, muito mais do que de falta de recursos, de uma burocracia sem fim que
atravanca toda e qualquer iniciativa. Além disso, os cientistas brasileiros estão enfrentando
grandes desafios em 2016, com cortes ainda maiores nos orçamentos e a arrecadação menor
afetando as agências de financiamento. A pesquisa científica brasileira corresponde a
apenas 3% da produção mundial. Segundo o ranking da Nature Index, que se constitui de
um conjunto de artigos científicos publicados anualmente em um seleto grupo de jornais
de alta qualidade, o Brasil ocupa a 24ª posição mundial no que concerne à produção de
artigos, com 991 produções contabilizadas. Destas, 760 advêm da área de Física, 160 das
Ciências da Vida, 45 das Ciências Ambientais e 93 artigos da área de Química. Segundo
os especialistas, as publicações são particularmente importantes no início da carreira, para
que o pesquisador se exponha e exponha seu trabalho à comunidade científica de sua área.
Isso traz possibilidades de intercâmbio que podem ajudar as pesquisas a gerarem bons
frutos. Mas o que dificulta a realização de pesquisas científicas no Brasil? O que preocupa
o pesquisador que realiza um estágio promissor fora do país na hora de retornar, e aplicar o
que aprendeu na prática? Para Alexander Birbrair, biologista celular que está retornando ao
Brasil depois de um pós-doutorado na área de pesquisa de células-tronco no hospital Albert
Einstein, em Nova York (EUA), a burocracia que cerca a importação de material científico
ainda é um dos principais entraves para a realização das pesquisas. “A principal diferença
entre o que é praticado no Brasil e nos Estados Unidos está no investimento que se faz em
ciência. Se esse investimento fosse equivalente, o Brasil facilmente estaria na frente. Como
as vantagens dos Estados Unidos são principalmente econômicas, isso pode ser mudado no
Brasil se houver maior investimento na ciência e nos cientistas que já estão no país fazendo
trabalhos maravilhosos e publicando artigos em renomadas revistas científicas”, disse. Além
disso, os altos preços cobrados pelos materiais e a demora na entrega fazem com que o país
vá perdendo espaço para países europeus e Estados Unidos. O Brasil é tido, por muitos
pesquisadores, como um país com vocação para pesquisa em diversas áreas e é um líder
na geração de conhecimento científico. Houve aprimoramento do parque tecnológico, da
formação de mestres e doutores e ampliação das universidades. “A ciência do Brasil está
em um nível muito bom e crescendo cada vez mais. Seguir os passos de grandes cientistas
brasileiros que já fazem ciência de altíssima qualidade no Brasil e se destacam mundialmente
é o objetivo a ser alcançado”, avalia Birbrair. Mas ainda há muito a ser feito. Na opinião
de Kiffer, uma boa maneira de começar seria definindo uma política nacional de fomento
à ciência e à pesquisa de longo prazo. “Isto significa que esta política deveria começar
fomentando a educação científica na base e seguindo até o topo das instituições acadêmicas
e das empresas, com estímulos e apoios duradouros à inovação e à ciência”.
Fonte: Lab Network
COMO O INVESTIMENTO EM CIÊNCIA PODE ALAVANCAR O PAÍS.