Jornal Imagem da Ilha 2ª quinzena/julho/2013 | Page 8

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2 ª Quinzena de Julho de 2013

A arte dos múltiplos Produzidas com técnicas distintas, gravuras permitem criação de imagens a partir de outras, mas todas originais

Gabriela Morateli

Sobreviventes ao passar dos séculos e reinventadas em diferentes traços, as gravuras fazem parte do cotidiano das pessoas. Umas instigantes, outras mais prováveis, mas todas com a mesma ideia: surpreender quem as enxerga. São imagens que surgem a partir de técnicas de entalhamento em pedra, madeira e metal, coloridas ou em preto e branco, e não ficam restritas apenas às galerias de arte.

As técnicas de gravura são milenares. Os índios da Tribo Olmeca, do México, imprimiam seus desenhos por volta de 1.000 a. C, utilizando a litogravura, técnica em que o desenho é talhado em uma pedra. Ao longo dos séculos, outras técnicas foram difundidas pelo mundo, tornando-se mais evidentes na China e em alguns países europeus, onde foram utilizadas para reproduzir imagens religiosas. No Brasil, a gravura surgiu com maior intensidade por meio da literatura de cordel, gênero literário introduzido pelos portugueses no século 15.
TéCnICAS
Para se alcançar o efeito desejado em cada técnica, é preciso dosar a quantidade de tinta, óleos, vernizes, dentre outros materiais, para, em seguida ganharem seus contornos no papel. Além da litogravura, existem as técnicas de xilogravura, gravura em metal e a serigrafia, esta também conhecida como estamparia, utilizada ainda pela indústria têxtil e para publicidade.
Ponto de encontro dos apaixonados pela técnica, a oficina de gravuras do Centro Integrado de Cultura( CIC) traz consigo uma história que já dura mais de 30 anos. O artista plástico Bebeto coordena as aulas até hoje e conta que, com o passar dos anos, o atelier foi sendo reformulado e hoje conta com todos os materiais necessários para os alunos e artistas plásticos desenvolverem suas obras, desde o papel, que é importado, até as prensas de impressão.“ As aulas são completas. Aqui, os alunos são orientados também por artistas mais antigos, que frequentam o atelier. É uma troca de experiências”, conta.
Júlia Iguti: xilogravura permite maior liberdade criativa
VERSATILIDADE
Dentre os artistas consolidados e que fazem exposições frequentes na capital estão o casal de arquitetos Júlia Iguti e Antônio Silva. Eles escolherama xilogravura, técnica trabalhada em uma placa de MDF. Para Júlia, as gravuras são um meio de expressão artística que permitem múltiplos, o que pintura e desenhos em geral não permitem.“ A partir de um desenho, podem-se reproduzir vários outros”, destaca.
É na gravura produzida por meio do metal que a artista plástica Jandira Lorenz afirma a versatilidade de seus desenhos.“ É um meio alternativo de expressão, pois não basta desenhar, são necessários muitos instrumentos para obter o trabalho final. Mas o resultado compensa”, diz. A oficina do CIC é gratuita
Fotos: Gabriela Moratelli
e acontece durante todo o ano. São três turmas que encontram--se três vezes por semana.
SERVIÇO oficina de gravuras do CIC Informações e inscrições: 3953-2314 ou inscricoesoficinas @ fcc. sc. gov. br
SAIBA MAIS
Técnicas de gravuras
Xilogravura: se origina de um trabalho de incisão manual feito diretamente sobre uma matriz de madeira, sendo mais comum o MDF, utilizando instrumentos de corte apropriados, como goiva, facas, formões e buris.
Litografia: envolve a criação de marcas ou desenhos sobre uma matriz de pedra calcária, com um lápis gorduroso. A base dessa técnica é o princípio da repulsão entre água e óleo. Ao contrário de outras técnicas de gravura, a lito é planográfica, ou seja, o desenho é feito através do acúmulo de gordura sobre a superfície da matriz, e não das fendas e sulcos na matriz como ocorre na xilogravura e na gravura em metal.
gravura em metal: para incorporar à matriz – cobre, latão ou zinco –, utiliza tanto os métodos diretos, com instrumentos fazendo sulcos na superfície, como indiretos, nos quais, além dos instrumentos são utilizados outros elementos que criam uma imagem com características nitidamente peculiares a esse processo de gravura.
Serigrafia: é a modalidade mais recente. É muito comum na utilização comercial, servindo para uma larga aplicação, seja em tecidos, plásticos, vidro, cerâmica, madeira ou metal. Quando se trata de uma obra de arte, ela recebe tratamento diferenciado em todo seu processo, tanto nas tintas usadas como também no número de impressões que formam a imagem, ganhando assim qualidade, mas distanciando-se da aplicação comercial em larga escala.
Gravura em metal de Jandira Lorenz
Xilogravuras de insetos criadas por Milton Cozelatto, um dos alunos da Oficina do CIC