Jornal ECOESTUDANTIL, n.º 30, jan. 2018 Jornal EcoEstudantilESJAC jan 2018 | Page 3

PRÉMIOS DE MÉRITO se, seria ter tido uma mentalidade mais aberta quando aí cheguei, porque, com o receio do choque da mudança, não aproveitei o iní- cio, tanto como poderia ter apro- veitado. A mudança não deve ser encarada como um risco, mas como uma oportunidade. Apesar dos receios da mudança, sempre me mantive focada nos meus objetivos, em dar o meu melhor em tudo e, simultaneamen- te, obter os melhores resultados que conseguisse, tentando não ser egoísta, ao ponto de pensar somente em mim, mas também nos outros e ajudar naquilo que conseguia. Não nos basta pensar- mos em nós, uma vez que vivemos das relações com os outros. Até ao final do ensino secundário, segui sempre o mesmo método de estu- do: tirar apontamentos das aulas, daquilo que os professores trans- mitiam, porque nem tudo está nos livros, mas também sublinhava as partes importantes dos manuais, fazia resumos, lia em voz alta e apontava as dúvidas para esclare- cer, posteriormente, com os pro- fessores. Algo que foi determinan- te na minha aprendizagem foi a relação direta com os professores, que apresentaram sempre disponi- bilidade para me ajudar. Quanto à vida universitária, uma expressão que a define é: “Virar a vida de patas para o ar”. Antigamente, quando pensava em ir a Lisboa, era uma alegria para mim, simbolizava conhecer um novo lugar, fazer coisas diferentes. Agora, o sentimento é estranho, pois a questão que se coloca repeti- damente é, “Quando é que volta- mos para casa?”. Esta mudança é muito drástica, especialmente para quem muda de cidade e não tem família direta com quem possa viver. A nova vida implica uma enorme inde- Cerimónia de entrega dos Prémios de Mérito Escolar , atribuídos pelo Rotary Clu- be de Tavira, no Clube de Tavira, no dia 22 de setembro de 2017. pendência, que é requerida num curtíssimo espaço de tempo: a comida tem de ser feita, a roupa e a loiça lavadas, o chão limpo e ain- da temos de estudar e organizar tudo o que a Universidade exige. Já não é chegar a casa, ter tudo pron- to pelos papás, sentar no sofá e, quando nos apetece, estudar. A Universidade é muito diferen- te da Escola Secundária: a maior parte de nós entra sozinho na uni- versidade e é muito comum sentir- mo-nos um pouco perdidos, por- que passávamos a maior parte do nosso tempo com os mesmos ami- gos; nas aulas teóricas, em vez de estarmos numa sala com 30 pes- soas, partilhamos um auditório com 200 pessoas, pelo que é fácil concluir que a relação com os pro- fessores é muito distante; passa- mos às práticas e precisamos de saber, de cor e salteado, o conteú- do da aula, mesmo que não tenha- mos tido aula teórica acerca do tema. Relativamente ao método de estudo, estive habituada a fazer resumos durante todo o meu per- curso escolar e, claro, é difícil mudar um método tão incorpora- do em mim. É importante refletir sobre o que é possível manter para algumas cadeiras, mas há que introduzir novos métodos de estu- do mais adequados a outras cadei- ras. Temos de saber o que é ade- quado a cada uma. Como podem ver, uma mudan- ça exponencial. Em resumo, a vida universitária é uma grande barrei- ra, um daqueles obstáculos que olhando de repente parece intrans- ponível, contudo, desistir não é a opção. Finalmente, queria apenas dizer que, ao seguir o meu caminho e tentar alcançar os meus objetivos, o meu esforço e empenho foi reconhecido, o que nem sempre acontece a todos, por isso, gostaria de agradecer não só ao Rotary Clube de Tavira, por ter reconhe- cido este trabalho, mas a todos os que contribuíram, de algum modo, para que pudesse entrar em pri- meira opção no curso que escolhi (Medicina) e na Universidade pela qual optei (Nova de Lisboa). Teresa Lopes, ex-aluna do 12.º A1 Página 3