PRÉMIOS DE MÉRITO
se, seria ter tido uma mentalidade
mais aberta quando aí cheguei,
porque, com o receio do choque
da mudança, não aproveitei o iní-
cio, tanto como poderia ter apro-
veitado. A mudança não deve ser
encarada como um risco, mas
como uma oportunidade.
Apesar dos receios da mudança,
sempre me mantive focada nos
meus objetivos, em dar o meu
melhor em tudo e, simultaneamen-
te, obter os melhores resultados
que conseguisse, tentando não ser
egoísta, ao ponto de pensar
somente em mim, mas também
nos outros e ajudar naquilo que
conseguia. Não nos basta pensar-
mos em nós, uma vez que vivemos
das relações com os outros. Até ao
final do ensino secundário, segui
sempre o mesmo método de estu-
do: tirar apontamentos das aulas,
daquilo que os professores trans-
mitiam, porque nem tudo está nos
livros, mas também sublinhava as
partes importantes dos manuais,
fazia resumos, lia em voz alta e
apontava as dúvidas para esclare-
cer, posteriormente, com os pro-
fessores. Algo que foi determinan-
te na minha aprendizagem foi a
relação direta com os professores,
que apresentaram sempre disponi-
bilidade para me ajudar.
Quanto à vida universitária,
uma expressão que a define é:
“Virar a vida de patas para o ar”.
Antigamente, quando pensava em
ir a Lisboa, era uma alegria para
mim, simbolizava conhecer um
novo lugar, fazer coisas diferentes.
Agora, o sentimento é estranho,
pois a questão que se coloca repeti-
damente é, “Quando é que volta-
mos para casa?”.
Esta mudança é muito drástica,
especialmente para quem muda de
cidade e não tem família direta
com quem possa viver. A nova
vida implica uma enorme inde-
Cerimónia de entrega dos Prémios de Mérito Escolar , atribuídos pelo Rotary Clu-
be de Tavira, no Clube de Tavira, no dia 22 de setembro de 2017.
pendência, que é requerida num
curtíssimo espaço de tempo: a
comida tem de ser feita, a roupa e
a loiça lavadas, o chão limpo e ain-
da temos de estudar e organizar
tudo o que a Universidade exige. Já
não é chegar a casa, ter tudo pron-
to pelos papás, sentar no sofá e,
quando nos apetece, estudar.
A Universidade é muito diferen-
te da Escola Secundária: a maior
parte de nós entra sozinho na uni-
versidade e é muito comum sentir-
mo-nos um pouco perdidos, por-
que passávamos a maior parte do
nosso tempo com os mesmos ami-
gos; nas aulas teóricas, em vez de
estarmos numa sala com 30 pes-
soas, partilhamos um auditório
com 200 pessoas, pelo que é fácil
concluir que a relação com os pro-
fessores é muito distante; passa-
mos às práticas e precisamos de
saber, de cor e salteado, o conteú-
do da aula, mesmo que não tenha-
mos tido aula teórica acerca do
tema.
Relativamente ao método de
estudo, estive habituada a fazer
resumos durante todo o meu per-
curso escolar e, claro, é difícil
mudar um método tão incorpora-
do em mim. É importante refletir
sobre o que é possível manter para
algumas cadeiras, mas há que
introduzir novos métodos de estu-
do mais adequados a outras cadei-
ras. Temos de saber o que é ade-
quado a cada uma.
Como podem ver, uma mudan-
ça exponencial. Em resumo, a vida
universitária é uma grande barrei-
ra, um daqueles obstáculos que
olhando de repente parece intrans-
ponível, contudo, desistir não é a
opção.
Finalmente, queria apenas dizer
que, ao seguir o meu caminho e
tentar alcançar os meus objetivos,
o meu esforço e empenho foi
reconhecido, o que nem sempre
acontece a todos, por isso, gostaria
de agradecer não só ao Rotary
Clube de Tavira, por ter reconhe-
cido este trabalho, mas a todos os
que contribuíram, de algum modo,
para que pudesse entrar em pri-
meira opção no curso que escolhi
(Medicina) e na Universidade pela
qual optei (Nova de Lisboa).
Teresa Lopes,
ex-aluna do 12.º A1
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