Jornal ECOESTUDANTIL, maio 2016 N.º 27, maio 2016 | Page 11

CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS TAVIRA EM 1914 Por Patrícia Gonçalves (12.º C1) e Luís Gonçalves (10.º C1), alunos de Línguas e Humanidades T avira em 1914 era uma cidade de contrastes, em que, por um lado, existiam nas ruas principais habitações das famílias mais ricas (por isso, o jornal O Arauto a designava como uma cidade aristocrática) e, por outro, existiam inúmeras casas, em grande degradação, da maioria da população que vivia numa pobreza extrema. Esta pobreza devia-se ao facto de a principal atividade desenvolvida ser a pesca de atum, um trabalho sazonal (março a setembro). Sem trabalho no resto do ano, os tavirenses faziam a cidade parecer triste e sem movimento. O jornal O Arauto referia que nem aos fins de semana se avistava gente nas ruas. O mesmo jornal dava algumas sugestões para melhorar o ritmo da cidade e otimizar a sua economia, sugerindo as fábricas de conservas para dar trabalho às famílias que ficavam sem sustento durante metade do ano; o cultivo das frutas verdes, pois era em Tavira que se encontravam em melhor qualidade no Algarve; e que se preparassem os figos para exportar. Tavira era nesta época, por outro lado, uma das cidades mais higiénicas do Algarve, na perspetiva do mesmo periódico. De facto, o Presidente da Câmara, José Pires Padinha, era médico de profis- são e, por isso, estavam em curso infraestruturas que visavam melhorar a cidade, como, por exemplo, a construção de um matadouro, uma central elétrica, um lavadouro público, o alargamento do jardim, o ajardinamento na Rua 5 de Outubro e no Largo da Estação, a abertura dos Banhos da Atalaia, a construção do cemitério, o prolongamento do coletor da Rua da Liberdade, a construção de um Teatro Popular. Finalmente, em 1915, seriam inauguradas as fábricas de conservas familiares Gilão e Santa Maria, e, em 1916 e 1917, as fábricas Companhia de Conservas de Peixe Tavirense e a Companhia de Conservas de Peixe Balsense. Para concluir, podemos dizer que com este trabalho percebemos que a disciplina de História pode ser bem mais interessante se tentarmos partir da nossa própria cidade, só assim conseguimos dar valor ao passado para viver o futuro. Alguns aspetos que descobrimos ainda são semelhantes nos dias de hoje, como a sazonalidade de emprego na nossa cidade ou o facto de algumas iguarias ainda serem bastante apreciadas pelos turistas, como os figos, as frutas verdes ou o atum e derivados. Bibliografia: O Arauto, Dias dos Reis, Portimão, 1914. Província do Algarve, Silvestre Falcão, Tavira (1908-1920). Artigo orientado pela professora de História, Fátima Pires. Página 11