Guerra comercial entre EUA e China expõe atraso do 5G no Brasil e falta de estratégia nacional para a indústria de telecomunicações
A quinta geração da tecnologia de transmissão de dados via redes móveis ( 5G ) é carregada de promessas de revolucionar o mercado de telecomunicações . A velocidade , até 20 vezes maior que o 4G , e a baixa latência , 10 vezes menor , permitirão , nos próximos anos , o florescimento ou melhoramento de produtos e serviços , como a Internet das Coisas , carros autônomos e mesmo cirurgias médicas a distância . O pano de fundo , no entanto , é complexo : uma corrida por hegemonia contrapõe EUA e China , que disputam mercados na implementação do 5G e desenham a fronteira de uma guerra comercial pautada pelas tecnologias digitais . O Brasil patina nessa arena : após seguidos adiamentos nos leilões para uso comercial do 5G , o país agora sofre pressões dos EUA para excluir de seu mercado a Huawei , gigante das telecomunicações chinesa e líder mundial do 5G .
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Brasil pode perder com guerra comercial
Para Marcio Patusco , conselheiro do Clube de Engenharia e subchefe da Divisão Técnica Especializada de Ciência e Tecnologia ( DCTEC ), é preciso analisar o contexto geopolítico . Segundo ele , a guerra comercial travada entre EUA e China não se restringe ao 5G , mas avança para uma disputa na hegemonia global do desenvolvimento tecnológico .
“ Evidencia-se isso ao se constatar dados da WIPO ( Organização Mundial da Propriedade Intelectual ), entidade da ONU , onde a China vem se colocando na liderança mundial em número de registros de patentes , marcas registradas e design industrial ( ver artigo no Jornal do
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Clube de Engenharia de março de 2019 )”. A última edição da Fortune 500 , ranking da revista de negócios americana que relaciona as maiores 500 empresas do mundo , trouxe pela primeira vez , em 2020 , a China como o país com mais empresas elencadas , 124 , contra 121 dos EUA .
“ O 5G , por ter uma visibilidade que atinge quase toda a população mundial usuária de celulares , ganha destaque especial numa disputa geopolítica por manutenção de protagonismo tecnológico . Bloquear a participação de um determinado fornecedor por suspeitas de quebra de segurança , deveria , no mínimo , motivar investigações por parte da Organização Mundial do Comércio ( OMC ) no sentido da análise de sua veracidade . O interessante é que as
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acusações partem de um país desmascarado internacionalmente por denúncias de Edward Snowden por ter efetivamente espionado empresas e órgãos públicos de diversos outros países , incluindo o Brasil , com objetivos de obter vantagens econômicas e diplomáticas ”, questiona Patusco , lembrando o escândalo revelado em 2013 pelo jornal inglês The Guardian e pelo estadunidense The Washington Post .
O bloqueio em questão refere-se à pressão que o governo dos EUA tem feito sobre outros países para que estes proíbam em seus mercados a chinesa Huawei , sob acusações de que ela realizaria espionagem a mando do governo chinês . Numa ofensiva para impedir que a empresa tenha seus equipamen-
Agência BrasilJORNAL / Marcello Casal Jr .
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A guerra comercial e os atrasos no 5G podem trazer prejuízos para o Brasil no comércio exterior e na diplomacia .
Por outro lado , pode ser a oportunidade de fomentar o desenvolvimento nacional de telecomunicações .
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