Jornal do Clube de Engenharia 606 (Setembro de 2019) | Page 9

setembro DE 2019 Engenharia Segurança de barragens: palestras técnicas aprofundam debate Vale O Clube de Engenharia recebeu, no dia 22 de agosto, importante conjunto de palestras técnicas a respeito de um tema que tem preocupado a sociedade brasileira desde os desastres em Mariana, em 2016, e Brumadinho, em 2019: a segurança de barragens. “Desafios na implantação de Planos de Ação de Emergência - PAE’s & Planos de Contingência” foi o tema do evento realizado em parceria com o Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB) e a Eletrobras. Na abertura, Pedro Celestino, pre- sidente do Clube de Engenharia, resgatou a trajetória da Eletrobras no contexto da história do Brasil, ressal- tando a capacidade técnica e o papel central da empresa pública no desen- volvimento do país. “Somos um país que tem potencial hidrelétrico gigan- tesco. E um país jovem. Construímos a maior base hidrelétrica do planeta a partir da década de 1950. Um esforço de gerações de brasileiros”, lembrou ele. “Eu quero que vocês pensem como era difícil fazer uma barragem no meio do Rio São Francisco, no meio do nada. Nós não produzíamos cimento, vergalhões. Não conhecía- mos nada dessa área”, afirmou. Celestino destacou que, “em pouco mais de 30 anos, criamos uma capa- cidade de geração fantástica, graças à Eletrobras e graças a esta plêiade de profissionais, tanto do setor públi- co quanto do privado, que fizeram com que nossa engenharia nesta área passasse a ser a mais avançada Melhorias técnicas, inclusive regulatórias, devem ser contínuas. do mundo”. Um dos exemplos foi a construção, nos anos 1980, da então maior hidrelétrica do mundo, Itaipu, na divisa do Paraná com o Paraguai. “Temos, portanto, toda a capacitação necessária para lidar com as ques- tões pós-construção [das barragens], que são as que hoje estamos lidando a partir de acidentes que não têm nada a ver com eletricidade, mas sim mineração, e colocam dúvida na sociedade brasileira”, disse. “A Eletrobras tem um trabalho bastante competente, técnico e consciente sobre esse tema”, disse Wilson Ferreira Júnior, presidente da empresa pública, também na abertu- ra. Ele salientou a importância de as entidades de engenharia e a própria Eletrobras melhorarem a comunica- ção com a sociedade a respeito das barragens, inclusive os diferentes tipos existentes e as medidas de se- gurança tomadas para a manutenção das construções. “É importante que a gente tenha a técnica, mas também a capacidade de comunicar”, disse, lembrando que a Eletrobras, hoje, possui diretamente 36 barragens hidrelétricas, além de participar do controle de mais 12 via Sociedades de Propósito Específico (SPEs). Celso Pires, engenheiro de Furnas e diretor e representante do CBDB, ressaltou que as melhorias técnicas, inclusive regulatórias, devem ser con- tínuas. “Fico muito gratificado com a presença aqui de pessoas atuantes em seus níveis de responsabilidade; o pessoal de Defesa Civil, da Aca- demia e dos órgãos reguladores. Ou seja: há um consenso de que nós temos obrigação de continuidade. E continuidade porque o setor elétrico tem seus ditames legais e técnicos de muito tempo e compatíveis com as melhores práticas internacionais”, lembrou ele, citando a consolidação do sistema Eletrobras e a atuação proativa da empresa pública para a consolidação de regulamentações. O evento contou com diferentes palestras técnicas: Rafael Perei- ra Machado (CENAD/SEDEC/ MI - Defesa Civil Nacional) tratou dos “Desafios na implantação do PAE”; Rodrigo Flecha (Agência Nacional de Águas - ANA) falou sobre os “Desafios na implantação do Plancon”; o tenente Bruno Braga e o tenente coronel Rodrigo Werner (Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro) abordaram os “Desafios na operacionalização dos Plancons no estado do Rio de Janeiro”; Francisco Vilhena (Eletronuclear) apresentou os “Desafios na operacionalização dos PAES - Caso Tucuruí”; e Ludmila Lima da Silva (Agência Nacional de Energia Elétrica, Aneel) tratou da “Percepção da Aneel sobre a elabora- ção dos PAES e Plancons”. Apoiaram a realização do evento a Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS - Núcleo Rio de Janeiro), além da Diretoria de Atividades Técnicas (DAT) do Clube de En- genharia e suas divisões técnicas de Geotecnia (DTG), Engenharia de Segurança (DSG), Engenharia do Ambiente (DEA), Energia (DEN), Recursos Hídricos e Saneamento (DRHS), Recursos Naturais Reno- váveis (DRNR) e Recursos Mine- rais (DRM). Assista ao evento na íntegra: parte 1 (http://bit.ly/barragens1), parte 2 (http://bit.ly/barragens2) e parte 3 (http://bit.ly/barragens3). 9