Jornal do Clube de Engenharia 597 (Dezembro 2018) | Page 7
DEZEMBRO DE 2018
O PAÍS
que aperfeiçoem as diretrizes sugeri-
das. Segundo informou o presidente
Pedro Celestino, a Comissão reunida
com o professor Antonio de Araujo
Freitas Junior, relator das Diretrizes
Curriculares Nacionais e conselhei-
ro do CNE, resultou em que fosse
postergada a aprovação das propostas
apresentadas e ainda em se manter
a interlocução para aprofundar o
debate. Por outro lado, a notícia de
que foram aprovadas e homologadas
as novas Diretrizes Curriculares Na-
cionais para o Ensino Médio (DC-
NEM) faz crescer a preocupação, já
que um dos grandes problemas dos
cursos de engenharia é a crescente
evasão, já no primeiro semestre, em
função das deficiências oriundas do
ensino médio.
Consenso nacional
“Um assunto como esse mexe com
o futuro da Engenharia, portanto
precisa ser amplamente discutido.
A proposta inicial do CNE é muito
aberta, deixando a cargo das univer-
sidades a decisão sobre a maior parte
do currículo”, observa Elaine Santana
Silva, diretora e representante da
Federação Interestadual de Sindica-
tos de Engenheiros (Fisenge). Elaine
Silva aponta outra falha grave: a fle-
xibilização da carga horária mínima
dos cursos, que hoje é estabelecida
em 3.600 horas. “Havendo a possi-
bilidade de diminuir a carga horária
vamos acabar produzindo ‘para-en-
genheiros’, profissionais com conhe-
cimentos restritos, extremamente
especialistas, incapazes de tomar de-
cisões genéricas e típicas da profissão.
Universidades mais consagradas cer-
tamente manterão sua carga horária
e seu padrão de ensino, mas outras
faculdades menores não. Podemos
ter, daqui a alguns anos, milhares de
engenheiros formados sem a base
mínima da profissão”, alerta ela, que
também é vice-presidente do Sin-
dicato dos Engenheiros de Sergipe
(Senge-SE). em diversas frentes. “Dialogamos
com o Ministério da Educação e
principalmente com o presidente da
Câmara de Educação Superior do
CNE, Luiz Roberto Liza Curi, no
sentido de contribuir com o texto
referencial. Destacamos três pontos
fundamentais, que são a carga míni-
ma de 3.600 horas; que as atividades
práticas sejam obrigatoriamente pre-
senciais e que no projeto pedagógico
do curso conste especificamente qual
a atribuição profissional almejada”.
Para a Federação Nacional dos En-
genheiros (FNE), a atualização das
diretrizes é bem-vinda, embora deva
manter a sólida formação técnica dos
engenheiros, criando profissionais
capazes de empreender e inovar,
compreendendo a realidade socio-
política e econômica ao seu redor.
“Importante notar que a ênfase dada
a competências como inovação, em-
preendedorismo e comunicação, em
hipótese alguma retira a primazia dos
necessários conteúdos das disciplinas
básicas, técnicas e científicas, da área
para que o engenheiro seja capaz de
exercer seu ofício com excelência e
responsabilidade”, afirma Murilo
Pinheiro, presidente da FNE. Segundo Joel Krüger, as sugestões
que o sistema Confea/Crea consi-
dera fundamentais para o mínimo
de qualidade na formação dos pro-
fissionais em Engenharia ainda não
foram contempladas no relatório
final, em especial a questão da car-
ga horária mínima de 3.600 horas
que jamais pode ser colocada como
referencial, ou seja opcional. “Outro
ponto que criticamos foi o pequeno
prazo dado inicialmente pelo CNE
para as manifestações e neste sentido
fomos atendidos com a prorrogação
do prazo. Por fim, por meio de nossa
Comissão de Educação e Atribuição
Profissional, temos mantido intenso
diálogo com o CNE/MEC para que
os principais pontos que criticamos
na proposta sejam levados em consi-
deração”.
Envolvido diretamente com o debate,
e preocupado por não ter participado
do processo que levou à definição
das diretrizes apresentadas pelo
CNE, o engenheiro civil Joel Krüger,
presidente do Conselho Federal de
Engenharia e Agronomia (Confea)
informa que o órgão vem atuando
O presidente do Confea parabenizou
a diretoria do Clube de Engenharia
pela realização da Audiência Pública
e pela qualidade dos debates. “Foi
uma excelente iniciativa, que abordou
com diversos especialistas em edu-
cação questões fundamentais sobre
as novas diretrizes curriculares da
engenharia que estão em discussão
no Conselho Nacional de Educação
e Ministério de Educação”.
Quadro atual
Mais da metade dos estudantes
de engenharia do Brasil aban-
dona o curso no primeiro ano.
A taxa de evasão cresce a cada
ano. A principal causa identifi-
cada é a deficiência na forma-
ção básica dos estudantes, em
especial em Matemática e Fí-
sica. Preocupa ainda a prolife-
ração de cursos de Engenharia
a distância que fazem crescer
a necessidade de avaliação da
qualidade da formação das no-
vas gerações de profissionais. É
crescente o número de cursos
de engenharia nas universida-
des a partir do início dos anos
2000. O Ministério da Educa-
ção (MEC) informa: de menos
de mil cursos no final dos anos
1990, o país passou para mais
de 6 mil no final de 2018. Das
quase 1,4 milhões de vagas nas
universidades pública e priva-
das, 566,5 mil são de cursos a
distância (EAD), quase em sua
totalidade (563,4 mil) em ins-
tituições privadas.
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