Jornal do Clube de Engenharia 597 (Dezembro 2018) | Page 6
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O PAÍS
Em discussão, as diretrizes que determinam
os rumos da engenharia nacional
Ou seja, as diretrizes curriculares
exercem influência central na quali-
dade e características dos cursos de
graduação, de qualquer área, de tal
forma que uma atualização deveria
ser precedida de amplo debate com
a sociedade. Não foi o caso das di-
retrizes da Engenharia, que foram
recebidas de forma bastante crítica
por um grupo de 18 universidades e
entidades da área, incluindo o Clube
de Engenharia, que enviaram ao
Conselho, em setembro, carta aberta
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solicitando, entre outras ações, a
urgente ampliação do debate sobre
o tema.
Além da crítica a pontos específicos
do documento, em especial à exclu-
são nas diretrizes do currículo míni-
mo — Matemática, Física, Química
— as entidades também questio-
naram o curto prazo — menos de
um mês — dado pelo CNE para
que contribuições fossem enviadas à
consulta pública. A pressão resultou
na realização da Audiência Pública
no Clube de Engenharia. Ao todo,
cerca de 250 pessoas estiveram
presentes e mais de uma dezena
de contribuições, com propostas
concretas, foram feitas ao longo da
manhã e tarde de discussão.
Próximos passos
Passada a Audiência Pública, a preo-
cupação agora é garantir uma revisão
da proposta inicial do CNE, além
da realização de novas audiências
por todo o país, antes da aprovação
de um documento final. Francis Bo-
gossian, ex-presidente do Clube de
Engenharia e presidente da Acade-
mia Nacional de Engenharia (ANE),
defende a necessidade da criação de
um fórum para debater as novas di-
retrizes. A proposta foi apresentada
na Audiência Pública, de maneira
enfática, em diversas intervenções.
“É preciso a formalização e a criação
de um Fórum Nacional que reúna as
Instituições de Ensino Superior, o
sistema Confea/CREA, o Clube de
O Brasil formou em 2017, de acor-
do com o Ministério da Educação
(MEC), mais de 114 mil engenhei-
ros e engenheiras, que passaram por
um dos mais de 6 mil cursos de En-
genharia vigentes no país. E o que
se viu na Audiência Pública realiza-
da no Clube de Engenharia, em 21
de novembro, foi a grande apreensão
das principais escolas de Engenharia
com as novas Diretrizes Curricula-
res, já que são resoluções da maior
importância em relação à qualidade
dos cursos de Engenharia, conforme
enfatizou, na ocasião, a professora
Claudia Morgado, diretora da Esco-
la Politécnica da Universidade Fe-
deral do Rio de Janeiro (UFRJ). “As
diretrizes curriculares nacionais em
uma resolução do CNE valem como
Lei da educação brasileira. É lei”,
citando inúmeros casos nos quais
as diretrizes são utilizadas, como
para criar cursos, para fazer reforma
curricular ou revalidar diplomas no
exterior, e em muitas outras ações
nas quais são as resoluções do CNE
que dão às instituições de ensino a
necessária segurança jurídica para
que sejam tomadas as decisões. São
elas que determinam a formação dos
profissionais do futuro.
Rio de Janeiro: com 13,29 km, a Ponte Rio-Niterói é um marco da engenharia brasileira.
Engenharia e as Academias Nacio-
nais de Engenheira e Brasileira de
Educação, dentre outras, para forma-
tar a revisão do modelo proposto”.
Bogosssian criticou a influência que a
Confederação Nacional da Indústria
(CNI) e a Associação Brasileira para
Ensino da Engenharia (Abenge)
tiveram na formulação das propostas
do CNE.
Paulo Alcântara Gomes, ex-presi-
dente da ANE, ex-reitor da UFRJ e
presidente da comissão mista criada
pelo Clube de Engenharia e a ANE
para debater as novas diretrizes cur-
riculares, destaca que o Conselho
Nacional de Educação deve preparar
uma nova versão da proposta. “A
questão dos conteúdos que devem
fazer parte da estrutura curricular
considerada razoável para formar
um engenheiro de qualidade já será,
segundo o Professor Antônio Freitas,
presidente da Câmara de Educação
Superior do CNE, tratada na pró-
xima versão das diretrizes”. Paulo
Alcântara confirma que o trabalho
continua. “A Comissão continuará
acompanhando a tramitação das
diretrizes e tratará de outros temas
relevantes para a formação dos enge-
nheiros, como o estágio, as relações
universidade-empresa e seus reflexos
nos cursos de graduação, o perfil dos
professores dos cursos de engenharia,
a evasão nos cursos de graduação e a
importância dos mestrados profissio-
nais”, explicou.
O debate que hoje se trava sobre as
diretrizes que vão nortear a formação
dos futuros profissionais das enge-
nharias mobiliza o Conselho Diretor
do Clube de Engenharia, que acom-
panha as perspectivas de avanços a
partir do trabalho da comissão criada
para estudar e encaminhar propostas