Jornal do Clube de Engenharia 597 (Dezembro 2018) | Page 3

DEZEMBRO DE 2018 TECNOLOGIA A busca por autonomia tecnológica e por um sistema moderno de defesa do território marítimo encontraram no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) da Marinha do Brasil um denominador comum. Dez anos após o Governo Federal criar a Estratégia Nacional de Defesa, a Marinha lançou, no dia 14 de dezembro, o Riachuelo, primeiro da série de submarinos construídos no Complexo Naval de Itaguaí, no interior do estado do Rio de Janeiro. Com 72 metros de comprimento e 1.870 toneladas, o Riachuelo foi lançado ao mar e inaugurou sua fase de testes, que deve durar dois anos, até que seja incorporado à frota da Marinha. Fortalecimento nacional Representando o Clube de Enge- nharia, o presidente Pedro Celesti- no esteve na cerimônia ao lado de autoridades do Governo Federal, comandantes das Forças Armadas e um grande número de convida- dos que reverenciaram o sucesso do Prosub. Para o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, o programa conseguiu, na última década, tornar-se referência do patrimônio tecnológico nacional, criando uma cadeia logística de profissionais e empresas brasileiras. “Ao longo de sua trajetória, o Pro- sub enfrentou inúmeros desafios, os quais ensejaram a adoção de soluções gerenciais e tecnológicas inovadoras”, lembrou ele. Tânia Lançado ao mar o primeiro submarino do Prosub O primeiro submarino do Prosub foi lançado ao mar a partir do Complexo Naval de Itaguaí (RJ), o mais moderno da América Latina. O Complexo Naval de Itaguaí mostra a dimensão do projeto: envolvendo mais de 17 mil profis- sionais, o complexo de 520 mil me- tros quadrados é o mais moderno da América Latina. Ao priorizar a aquisição de componentes fa- bricados no Brasil, o Prosub tem apoiado o desenvolvimento da Base Industrial de Defesa, que engloba os setores de eletrônica, mecânica, eletromecânica, química e indústria naval. Além disso, a Marinha tem incentivado a participação de uni- versidades e institutos de pesquisa ao longo do projeto. Transferência de tecnologia André Portalis, diretor presidente da Itaguaí Construções Navais, saudou o acordo de cooperação entre Brasil e França que permitiu a transferên- cia e nacionalização de tecnologias essenciais para a construção dos submarinos. “O Riachuelo é uma combinação da tecnologia francesa com as necessidades da Marinha do Brasil, uma tropicalização para proteger o vasto e precioso patrimô- nio da Amazônia Azul”, afirmou. Ao todo, mais de 250 engenheiros e técnicos da Marinha foram qualifi- cados para atuar no Prosub. Amazônia Azul A Amazônia Azul foi o termo cunhado pela Marinha para deno- minar a imensa faixa de mar territo- rial, de 3,5 milhões de quilômetros quadrados, que abriga biodiversida- de e riquezas naturais ainda de di- mensões desconhecidas. Os subma- rinos do Prosub terão como missão o patrulhamento e a proteção dessa área. Além do Riachuelo, a Mari- nha lançará mais três submarinos convencionais até 2022 (Humaitá, Tonelero e Angostura) e, depois, o primeiro submarino nacional movi- do a propulsão nuclear — o Álvaro Alberto, uma homenagem ao almi- rante pioneiro no uso de tecnologia nuclear no Brasil. A data de 14 de dezembro de 2018 será um divisor de águas na história do PROSUB à me- dida que o submarino Riachuelo dará início aos testes de porto, em que se avaliará a estanqueidade, a flutuabilidade e o equilíbrio do submarino. É imperativo afir- mar que o PROSUB é o progra- ma estratégico com maior nível de complexidade e arrasto tec- nológico do Brasil à medida que conta com significativa partici- pação de universidades, centros de pesquisa, laboratórios, gera C,T&I, dota o País com tecnolo- gia nuclear de ponta, fomenta a Base Industrial de Defesa, re- potencializa a Indústria Naval Brasileira, cria uma cadeia de consumo e de fornecimento na- cional de peças e equipamentos, capacita e qualifica profissionais em diversos níveis de especiali- dade e gera milhares de empregos diretos e indiretos. O lançamento ao mar do submarino Riachuelo é a consolidação do esforço, da sinergia e competência da nossa Marinha em ser protagonista da História da C,T&I do Brasil e da reconfiguração política do sistema internacional, no qual o Brasil é um dos poucos países do mundo capazes de projetar, construir, operar e manter sub- marinos convencionais e nuclear, assegurando assim a soberania das suas águas jurisdicionais. Fernanda Corrêa Doutora em Ciência Política na área de Estudos Estratégicos pela Univer- sidade Federal Fluminense (UFF). Integra a Assessoria de Planejamento Estratégico da Amazônia Azul Tec- nologias de Defesa S.A. Fonte: Defesanet Leia mais: https://bit.ly/2GEIr7l 3