Jornal do Clube de Engenharia 587 (Fevereiro de 2018) | Page 3
FEVEREIRO DE 2018
METRÔ
Alagamento da Estação Gávea do Metrô preserva o que
foi construído
Com obra paralisada há quase três anos, a estação mais profunda do metrô carioca foi alagada por sugestão de técnicos para conter
eventuais deslocamentos de solo no canteiro. Governo busca recursos para terminar a obra.
Prejuízos: deterioração dos serviços já executados, depreciação de equipamentos, perda de cerca de mil postos de trabalho diretos e não atendimento diário de aproximadamente 22 mil pessoas na Gávea.
A área escavada, que até aqui
custou cerca de R$1 bilhão, foi
inundada com 36 milhões de litros
de água. A opção foi motivada pela
necessidade de parar de lutar com
a natureza, pois o canteiro de obras
da estação era mantido seco através
de bombas de sucção. Essas bombas
foram desligadas em agosto do
ano passado e, desde então, a água
que vaza não é mais contida. O
alagamento natural já chegou a
90% do espaço. saída foi apontada por técnicos
indicados pela concessionária.
“A obra da Estação Gávea
foi paralisada durante a
execução de cavas verticais que
atingiam a profundidade de
aproximadamente 38 metros
naquela altura. Por se tratar
de uma etapa intermediária da
execução da estação, foi utilizado
o ‘revestimento primário’, ou seja,
revestimento tipo ‘escoramento
provisório’. Considerando
o longo espaço de tempo
decorrido, não previsto quando
da execução do revestimento
primário, foram necessárias
intervenções para a garantia
da estabilidade temporária das
cavas. Foram executadas novas
camadas de concreto projetado de
regularização e proteção, tirantes
adicionais, drenos profundos e foi
utilizado o lençol freático para
equilibrar as pressões internas e
externas”, explica o secretário.
Segundo Rodrigo Vieira,
Secretário de Transportes do
Estado do Rio de Janeiro, a Monitoramentos, instrumentação
e manutenção seguem acontecendo
A estação Gávea da Linha 4 do
Metrô, projetada para receber cerca
de 22 mil passageiros por dia, com
as obras paralisadas desde 2015
- primeiro por falta de recursos
e, depois, por ordem do Tribunal
de Contas do Estado (TCE) - foi
alagada. Até que sejam retomados
os trabalhos, a plataforma mais
profunda do sistema metroviário
carioca, com 55 metros de
profundidade, será completamente
inundada.
Ação temporária
na obra, com o acompanhamento da
evolução dos recalques e da situação
geral dos revestimentos ao longo do
alagamento temporário. Impedidas
de prosseguir por determinação
do TCE, as obras podem retornar
agora, já que o órgão revogou, por
unanimidade, a medida cautelar
que determinou a retenção
de pagamentos, acarretando a
paralisação. “Entretanto, na decisão
do tribunal é recomendada a adoção
de planilha de preços diferente
daquela prevista no contrato,
significando uma redução de 30%
a 40% nos valores a serem pagos à
Concessionária. Adicionalmente,
por determinação judicial realizada
no bojo da ação civil pública
-baseada no relatório preliminar do
TCE -, devem ser realizadas outras
retenções de pagamento, na ordem
de aproximadamente 30%”, registra
Rodrigo.
Para a resolução do problema, o
governo estadual vem discutindo
com a Concessionária as ações
para retomada da obra. O governo
também trabalha na identificação
de fontes de financiamento,
específicas para projetos de
infraestrutura, que possam ser
direcionadas para a obra”, destaca o
secretário.
Com 42% dos serviços de
escavação concluídos e apenas 1,2
quilômetro de túnel a escavar entre
o Alto Leblon e a Gávea, a obra
deve, uma vez retomada, levar cerca
de 36 meses para ser finalizada.
A expectativa é que os recursos
necessários para isso venham de
outros contratos já firmados pelo
estado para investimento em
infraestrutura. Entre os gastos
das obras paralisadas, está a
manutenção do Tunnel Boring
Machine (TBM), conhecido no
Brasil como “Tatuzão”. Parado
desde abril do ano passado, ele
tem um custo mensal de quase
R$ 3milhões em manutenção,
também pagos pelo consórcio da
Linha 4. A inundação, no entanto,
não interfere na máquina, que está
estacionada no subsolo do Alto
Leblon, na altura da rua Igarapava,
em espaço seco.
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