Jornal do Clube de Engenharia 586 (Janeiro de 2018) | Page 6
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CIDADE
Sem planejamento, Rio de Janeir
Comum durante a última gestão municipal e em algumas gestões anteriores, o chamado “Plano Verão” era traçado sob a coordenação do prefeito, env
Esse planejamento de estratégias
comuns entre diversos atores – Rio
Luz, Rio Águas, Defesa Civil,
Comlurb etc – preparava o poder
público para agir em casos típicos
do verão carioca, como enchentes e
epidemias. Grupos de emergência
eram formados por profissionais da
saúde, da área social e área técnica,
para serem convocados em casos
de emergência, além de acelerar a
limpeza de ralos e bueiros.
No último dia de 2017, já em
pleno verão, o prefeito Marcelo
Crivella demonstrou preocupação
com a cidade durante a estação que
costuma ser crítica em diversos
pontos. “Todo mundo sabe que sou
pastor evangélico, mas faço aqui um
apelo (...) peço a São Pedro para que
não deixe chover no Rio de Janeiro,
que não tenha uma tempestade não
só agora, mas em todo o verão”. O
prefeito declarou, ainda, que vai
“pedir a Deus para que esse ano (...)
não tenhamos tempestades nem
epidemia de dengue”.
Segundo o conselheiro Stelberto
Soares, a fala do responsável pela
cidade é um retrato da situação
do Rio. “Estamos pedindo a Deus
mesmo. Fora isso não estamos
vendo acontecer coisa alguma”.
A preocupação de Stelberto – e
da população – tem a ver com a
inexistência, até o momento, de
um planejamento que, no mínimo,
tranquilize autoridades e sociedade.
Ações simples
Stelberto, que participou de alguns
dos últimos planos da cidade,
lembra a importância desses
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Síndome: “conjunto de
sinais ou de características
que, em associação com
uma condição crítica, são
passíveis de despertar
insegurança e medo”.
É o que vivencia hoje
a população do Rio em
relação às ameaças que
chegam com o crescimento
de registros de casos de
Zika, Chikungunya,
Dengue e agora a Febre
Amarela, que se aproxima
da cidade com registros
no interior do estado. São
doenças transmitidas pelo
mosquito Aedes aegypti.
encontros articulados pela gestão
municipal. “Em um deles, em
2009, o representante da Rio Luz
esclareceu que eles não tinham
geradores disponíveis. Ou seja, se
algo acontecesse com a cidade e não
houvesse luz, a Rio Luz não teria
como ajudar em absolutamente
nada. Imediatamente, todos ali
passaram a trabalhar para resolver
aquele problema o mais rápido
possível”, lembra. É importante
a mobilização dos diversos atores
envolvidos na tarefa de manter a
cidade funcionando em um período
de fortes tempestade e de possíveis
epidemias ligadas a vetores.
Mosquito Aedes aegypti.
Segundo o conselheiro, a gestão
atual poderia estar coordenando
ações simples para evitar grandes
problemas. “Na última chuva mais
forte, havia grandes poças em
Ipanema, um bairro alto que escoa
facilmente sua água para a Lagoa
Rodrigo de Freitas ou para o mar,
por ser mais alto que os bairros
adjacentes – Copacabana e Leblon.
Isso significa que os bueiros não
foram limpos”, constatou.
A falta de preparação do Executivo
com o verão, segundo Stelberto,
pode estar ligada às dificuldades
econômicas, mas nem mesmo o
que já funcionou antes está em
funcionamento hoje.
Investimentos
encolhendo
A Secretaria de Conservação informa
que foi investido pouco mais de R$
253 milhões entre Geo-Rio, Rio
Águas e Secretaria de Conservação
e Meio Ambiente. Neste caso, foram
investidos 38% do previsto.
Os números para 2018 apontam
queda no orçamento, que será
14% menor que o do ano passado,
totalizando cerca de R$ 92 milhões.
É o menor orçamento do setor
desde 2013.
Dados divulgados pela imprensa em
2017 informam cortes no orçamento
do município: Urbanismo 55,24%;
Saneamento – 41,16%; Saúde
10,58%; Educação 7,11%.
Nas mais diversas áreas, os
problemas se repetem. Entre os dias
7 e 8 de janeiro, em 12 horas, choveu
o equivalente a 30% do esperado
para todo o mês de janeiro na cidade,
segundo dados do sistema Alerta
Rio. No dia 8 de janeiro, dois ramais
da Supervia tiveram a circulação
impedida.