Jornal do Clube de Engenharia 586 (Janeiro de 2018) | страница 5

JANEIRO DE 2018 mecanismo da nova lei, inclusive as estatais estaduais (CEMIG, CESP e COPEL) e, à medida que suas concessões foram vencendo, as mesmas foram leiloadas. As estatais estaduais praticamente recuperaram todas as suas usinas, vencendo algumas licitações e pagando as outorgas correspondentes à União. As usinas com concessões renovadas, especificamente as estatais federais do grupo Eletrobras, passaram a comercializar energia praticando um preço muito inferior (ao custo de O&M, equivalente a cerca de 1/3 do preço comercializado pelas usinas não enquadradas na Lei 12.783) exclusivamente às distribuidoras, em um sistema de cotas proporcionais ao mercado de cada empresa compradora. Fazia-se, assim, a cotização da energia gerada apenas pelas empresas federais. Isso beneficiou os consumidores cativos, é claro, porque no mix de energia comprada por suas distribuidoras havia uma parcela considerável de energia subsidiada. Mas, em contrapartida, fragilizou terrivelmente as finanças das geradoras federais. O argumento do governo para adotar tal medida foi de que aquelas usinas já estavam amortizadas e as cotas de energia poderiam então ser vendidas a um valor menor para as distribuidoras, já tão sacrificadas por serem responsáveis pelo financiamento da expansão do setor. Mas como o governo não honrou seus compromissos com as subsidiárias da Eletrobras, não indenizando os ativos não amortizados nem depreciados daquelas concessionárias, como reza a Lei de Concessões, a conseqüência foi a descapitalização da Eletrobras, derrubando o valor de suas ações no Brasil e nas bolsas de Nova Iorque e Madrid, prejudicando ainda sua capacidade de investimento. Polêmica instalada Importante registrar ainda que em 2012, após a adoção da M.P. 579, uma sucessão de períodos com condições hidrológicas altamente desfavoráveis levou o governo a acionar o parque gerador A “descotização”, ou seja, o retorno à comercialização das cotas através de contratos com as distribuidoras, como era feito anteriormente, dependendo da forma como for implementada pode elevar o custo das tarifas de 3 a 10%. termelétrico, fazendo com que o custo da energia elétrica, depois da redução, aumentasse muito. A adversidade hidrológica não permitiu que empresas geradoras honrassem seus contratos com as distribuidoras, e estas então tiveram que comprar energia no curto prazo a preços elevadíssimos. Por essa razão, o Tesouro Nacional se comprometeu a transferir vultosos recursos (estimados em R$ 26 bilhões) para subsidiar as distribuidoras, de forma a evitar que fossem repassados os aumentos para os consumidores. Agora o governo Temer propõe “descotizar” as usinas da Eletrobras para aquelas concessões renovadas em 2013, para que as mesmas deixem de vender energia subsidiada e voltem a praticar preços de mercado. A polêmica está instalada. Isso seria saudável para a revalorização dos ativos das usinas da Eletrobras, recapitalizando a holding, mas não repararia os prejuízos impostos à empresa por uma política totalmente equivocada desde 2013 até 2017. Faça seu evento ou alugue espaços para aulas, treinamentos e reuniões no melhor ponto do centro do Rio de Janeiro Clube de Engenharia Av. Rio Branco, 124 - Centro - Rio de Janeiro Tel.: (21) 2178-9220 / 2178-9200 www.clubedeengenharia.org.br 5