Jornal do Clube de Engenharia 578 (Maio de 2017)) | Page 9

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MAIO DE 2017
INSTITUCIONAL

Em defesa da UERJ e das universidades públicas e gratuitas

Quinta melhor universidade do país resiste à maior crise financeira de sua história
O Clube de Engenharia , em sessão ordinária do seu Conselho Diretor , discutiu e aprovou , por unanimidade , uma Moção de Apoio à UERJ e às universidade públicas e gratuitas . A leitura do posicionamento da instituição foi feita pelo presidente Pedro Celestino em almoço de homenagem à Universidade do Estado do Rio de Janeiro realizado no dia 27 de abril .
Os dois eixos principais do documento são a defesa da UERJ , instituição de excelência ameaçada de desmonte , e a manutenção do ensino superior público e gratuito , com relação aos cursos stricto sensu . A instituição decidiu , ainda , dar continuidade aos estudos e avaliações que vêm realizando , visando à melhoria qualitativa dos cursos de Engenharia , dos cursos técnicos profissionais e da própria educação básica . Nesse último caso , buscando , simultaneamente , a formação de jovens capacitados a prosseguir sua formação profissional e cidadã . A perspectiva é que , assim , “ o Brasil terá condições de realizar o seu desenvolvimento soberano , sustentável e socialmente inclusivo e de preservar a Democracia e fortalecer o Estado Democrático de Direito ”.
Educação de qualidade em risco
Quinta melhor universidade brasileira e 11 ª melhor da América Latina ( segundo o ranking Fast Globe University 2016 ), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro passa pela maior crise dos seus 66 anos de existência . Segundo o reitor , Ruy Garcia Marques , que esteve presente no
Reitor da UERJ apresentou números de sucesso da instituição em contexto nacional e internacional .
almoço e discursou amplamente sobre a delicada situação da universidade , o governo estadual , em grave crise financeira , não repassa a verba necessária para custear o funcionamento da instituição . “ Desde meados de 2015 cessaram os pagamentos das empresas contratadas por licitação pública para manutenção da nossa universidade ”. Sem recursos regulares , a UERJ foi aos poucos parando . O ano letivo de 2016 , que deveria ter dois períodos , teve somente um : do início ao final do ano , permeado por greves dos docentes , dos técnicos administrativos e dos estudantes , todos sem receber salários e bolsas , indignados com o descaso a que a universidade está sendo submetida . Na ponta da crise está toda a sociedade , que perde com a estagnação da UERJ .
Ruy Garcia lembrou que a UERJ foi pioneira na adoção de cotas raciais , em 2002 , e que cresceu muito nos últimos anos . “ Somente considerando os últimos dez anos , desde 2007 implantamos mais
13 novos cursos de graduação e passamos de 41 para 61 programas de pós-graduação . E não crescemos somente na quantidade . Em 2013 passamos a ter três programas de pós-graduação com conceito sete , o mais elevado da CAPES [ Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior , vinculada ao Ministério da Educação e que avalia os programas de pós-graduação ]. Ressaltese que o CAP UERJ [ Colégio de Aplicação ] é tido como a melhor escola de ensino básico do nosso estado , pública . Em todos os rankings internacionais que também avaliam as universidades brasileiras estamos sempre entre as dez melhores do país ”, disse ele . A UERJ ainda mantém duas instituições de saúde essenciais para a população fluminense : o Hospital Universitário Pedro Ernesto e a Policlínica Piquet Carneiro . Campi em cidades da Baixada e do interior do Rio de Janeiro ( São Gonçalo , Ilha Grande , Duque de Caxias , Teresópolis , Nova Friburgo e Resende ) garantem substancial inserção em todo o estado .
Apesar do crescimento , da importância social e dos muitos apoios que a UERJ tem recebido neste momento , o reitor diz que a universidade já chegou a ser alvo de críticas que a veem como um “ gasto ” para o Estado do Rio de Janeiro . “ Sofremos com críticas que se limitam a ver a universidade como algo muito custoso , apontando inclusive para o crescimento orçamentário da universidade sem uma análise mais profunda ”, ponderou Ruy Garcia Marques . Vale lembrar que , diante da crise do estado , outras duas universidades estaduais , o Centro Universitário Estadual da Zona Oeste ( UEZO ) e a Universidade Estadual do Norte Fluminense ( UENF ) também têm sofrido com falta de recursos para se manter .
Em abril de 2017 , depois de seguidos adiamentos , as aulas retornaram à UERJ , que iniciou somente agora o segundo semestre letivo de 2016 . Mas a administração não sabe até quando : sem regularidade nos repasses financeiros , empresas terceirizadas que prestam serviços de manutenção e limpeza podem parar . E , com salários e bolsas atrasadas ( inclusive as bolsas-permanência , das quais os cotistas , 37 % dos alunos de graduação , dependem para estudar ), a situação ainda é delicada e longe da normalidade .
Para conferir o artigo “ A UERJ cresceu , cresceu sim !”, da vicereitora professora Maria Georgina Muniz Washington , acesse o portal do Clube de Engenharia : bit . ly / UERJCresceu

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