Jornal do Clube de Engenharia 578 (Maio de 2017)) | Page 4

www.clubedeengenharia.org.br BAIXADA FLUMINENSE Urge planejar o desenvolvimento da região engenheiro, vislumbrando a redução de desigualdades sociais a partir das ações integradas e de políticas públicas para o desenvolvimento urbano da Baixada. São questões a serem enfrentadas: regularização fundiária, melhorias no sistema de transporte público, incentivo à atividade industrial, logística e saúde. Atualmente a Câmara elabora o Plano Estratégico Metropolitano, e um dos desafios, segundo Luiz Edmundo, é a situação fiscal problemática do governo do estado. Caminhos possíveis O Arco Metropolitano une as cidades de Guapimirim, Magé, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Japeri, Seropédica e Itaguaí, na Baixada Fluminense, além de Itaboraí. Os 13 municípios com infraestrutura precária e índices socioeconômicos baixíssimos que integram a Baixada Fluminense foram temas centrais no Clube de Engenharia, em 25 de abril, na palestra do conselheiro Luiz Edmundo da Costa Leite, ex- secretário de Planejamento de Duque de Caixas, e ex-secretário municipal de Obras do Rio. No diagnóstico que deu início à sua apresentação, os dados desenharam a dimensão dos problemas. Dos 12 milhões de habitantes do chamado “Grande Rio”, cerca de 3,7 milhões são moradores da Baixada Fluminense. A região sofre com o índice crescente de violência, PIB per capita baixo e desabastecimento de água, entre outros problemas. Entre as questões políticas, Luiz Edmundo citou o exemplo da gestão de impostos. “A capacidade das prefeituras de recolherem, controlarem e fiscalizarem impostos é muito pequena”, afirmou o engenheiro. O desenvolvimento econômico deficiente na Baixada 4 impulsiona seus municípios a se transformarem em cidades- dormitório. Integração governamental “A primeira atitude que devemos ter é reconhecer o problema. E o primeiro passo está sendo dado agora, com a Câmara Metropolitana de Integração Governamental”, afirmou. A Câmara, da qual participam 21 prefeitos e o governador do Estado do Rio de Janeiro, é um órgão criado em 2014 com base na Constituição e no Estatuto da Metrópole, depois que o Supremo Tribunal Federal julgou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 1.842, de 2013. A decisão do STF definiu que a gestão dos municípios na Região Metropolitana do Rio de Janeiro deve ser compartilhada entre prefeituras e governo do estado, respeitando as devidas autonomias legais. “A esperança é que a Câmara possibilite racionalidade na gestão das cidades”, disse o No debate que se seguiu à palestra, propostas e ações concretas foram sugeridas. José Stelberto Porto Soares, subchefe da Divisão de Recursos Hídricos e Saneamento (DRHS) do Clube de Engenharia, registrou que no Estado já houve tentativa semelhante à que está sendo feita agora com a Câmara. O engenheiro citou um antigo estudo de vocações feito na Baixada Fluminense pela Secretaria de Planejamento do município do Rio para identificar os potenciais de indústria em cada cidade. Segundo ele, que trabalhou na secretaria, hoje extinta, a integração de políticas públicas entre municípios é fundamental, embora a fonte de recursos ainda seja um problema. Em sua intervenção, o conselheiro Saturnino Braga, ex-senador, ex- prefeito do Rio e presidente do Centro Celso Furtado, deu ênfase ao fato de a Baixada Fluminense ter o contingente eleitoral mais importante do Estado do Rio de Janeiro. “Mas isso não se reverte em benefícios políticos. Proporcionalmente, a região recebe muito menos do que eleitoralmente pesa na política do estado”, afirmou. O estudante Gustavo Ferreira, que atua na Secretaria de Apoio ao Estudante de Engenharia (SAE) criou junto com amigos a página no Facebook “Eu amo Bel”, que reivindica melhorias para o município de Belford Roxo e, ao mesmo tempo, resgata o orgulho de viver lá. “Se queremos planejar o futuro, precisamos entender o passado. Muita gente em Belford Roxo não sabe o porquê do nome da cidade. Não sabe que é o nome de um engenheiro que trabalhou com Paulo de Frontin na época do chamado ‘milagre das águas’. As pessoas não sabem que o nome da cidade está relacionado ao fato histórico de fornecer água para a capital na época do Império. E hoje o que mais falta em Belford Roxo é água”, lembrou. “O que temos debatido em Belford Roxo é um tripé que envolve sustentabilidade, economia – com empreendedorismo e inovação – e educação em questões históricas”, disse Gustavo. Para fechar o rol de propostas, José Stelberto Porto Soares sugeriu que o Clube de Engenharia venha a criar um Núcleo de Estudos da Baixada Fluminense. E recebeu o apoio incondicional do conselheiro Saturnino Braga, que também se posicionou a favor da ideia: “A ideia é excelente. O Clube tem essa capacidade de pensar, planejar, ou pelo menos olhar com atenção para a Baixada”, disse ele. O evento foi promovido pela Diretoria de Atividades Técnicas (DAT) e pela Divisão Técnica de Urbanismo e Planejamento Regional (DUR) do Clube de Engenharia. Leia mais: bit.ly/palestrabaixada