Jornal do Clube de Engenharia 571 (Outubro de 2016) | Page 4
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MERCADO
Duros tempos de incertezas
Altos índices de desemprego, queda crescente de postos de trabalho nas engenharias e a tramitação no Congresso
Nacional da PEC 241 levam o país a um profundo sentimento de impotência para sair da crise.
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O quadro começou a mudar em
meados de 2014. A crise política e
a queda do consumo se somaram a
um fator que no caso da engenharia
foi vital: a paralisação das empresas
envolvidas na Operação Lava Jato.
Segundo Clóvis Nascimento,
presidente da Federação
Interestadual de Sindicatos
de Engenheiros (Fisenge), a
estratégia da Polícia Federal não
focou apenas nos culpados pelos
esquemas de corrupção, mas nas
empresas em si, paralisando obras,
impedindo novas contratações e
fazendo desaparecer empregos que
até então pareciam assegurados.
“De um período muito promissor,
passamos para um momento
Fotos: Edson Lopes Jr.
O início da década de 2010 foi
de renascimento da engenharia
nacional. Resultado de um ciclo
virtuoso de investimentos, o
Brasil crescia e a engenharia
voltou a ser uma das profissões
mais promissoras do mercado.
Até 2015, o país tinha carência
de engenheiros para tantas
vagas disponíveis. Dados do
Conselho Federal de Engenharia
e Agronomia (Confea) apontavam
um déficit de 20 mil engenheiros
para atender à demanda naquele
período. O setor vinha da chamada
“década perdida”, período entre
1980 e 1990 e a recuperação
parecia definitiva à medida que
se apostava num crescimento
sustentável. Entre 2003 e 2013 a
contratação de engenheiros subiu
87%, segundo o Departamento
Intersindical de Estatísticas e
Estudos Econômicos (Dieese).
O balanço de 2015 registrou a extinção de 53.770 postos de trabalho na área das engenharias
de extrema dificuldade, graças
às paralisações das obras da
Petrobras. Todos somos contra
a corrupção. Corruptos têm de
ser exemplarmente punidos, mas
paralisar obras, destruir empresas
e projetos é um absurdo. As
punições deveriam ser em cima de
CPFs, não de CNPJs”, defende.
E alerta: “Não só a engenharia,
mas toda a classe trabalhadora
vem sofrendo muito e não se sabe
quando isso vai parar”.
De acordo com o Cadastro Geral
de Empregados e Desempregados/
Ministério do Trabalho e
Emprego (CAGED/MTE), em
2014 a engenharia perdeu cerca de
3.000 postos de trabalho no país.
No primeiro semestre de 2015,
o desemprego entre engenheiros
quase dobrou, aumentando em
42%, com a perda de 7.500 postos.
O balanço geral do ano passado
registrou a extinção de 53.770
postos de trabalho em engenharia.
Tanto em 2014 quanto em 2015,
São Paulo e Rio de Janeiro
aparecem no topo da lista de
estados que mais demitiram
engenheiros.
Impacto da instabilidade
Como em toda crise que atinge
o mercado de trabalho, os efeitos
sobre estudantes e recém-formados
é cruel. No caso da engenharia,
o cenário promissor anterior
agravou o impacto. Poucos anos
atrás, engenheiros recém-formados
podiam escolher que vagas lhes
interessavam no mercado. Análises
e estudos apontavam para a
crescente necessidade de novos
profissionais e o governo respondeu
com incentivos. Órgãos como a
Financiadora de Estudos e Projetos