Joias Hotel
VIDA DE CABOCLO
No hotel hospedou-se, uma empresária quarentona e
seu irmão, que chegou carregando duas malas, e que
demonstrava ser um pouco mais velho do que ela. Ele tinha um
jeitão simplório: olhava de soslaio, usava chapéu e uma calça
presa por um cinto na altura do umbigo. Ela, que por sua vez,
falava com ele sempre com voz alta e com certo ar de desprezo,
pegou a chave do seu single e pediu pra ele subir com as duas
malas, no que o mesmo avisou:
— Vou ficar aqui embaixo um pouquinho pra pitar um
cigarro. Depois eu subo.
— Não vá fumar cigarro de palha. Fume um de papel —
ela ordenou.
Ele tomou um cafezinho preto, pediu um cinzeiro,
relaxou-se na poltrona e pitou o seu cigarro — de papel.
Depois foi lá fora e pigarreou. Voltou e, meio
desacorçoado, ficou olhando para as duas malas. Pegou a sua
chave, juntou apenas a mala menor e nem tocou na outra, que
acabou sendo levada pelo mensageiro, que chegava ao hotel dez
minutos depois pra dar início ao seu batente.
Passou um pedaço e o caboclo desceu. Olhou para o
mensageiro e lhe perguntou:
— Foi você que levou os trem da minha irmã, não foi?
Estava um chumbo, não estava?
— Um pouquinho... — respondeu o mensageiro.
81