Gilberto Candido
mesinhas espalhadas com corretores, carimbos e tudo... e fotos
dos imóveis.
Um pouco mais adiante tem uma praça onde o comércio
ao ar livre compõe-se de tapetes persas legítimos, ouro e joias
finas; certificadas. Quando o comprador quer pechinchar, o
comerciante oferece-lhe um tapete, por exemplo, de qualidade
inferior fazendo comparações com o propósito de informar
mostrando-lhe detalhes de que o acabamento daquele não é tão
bem trabalhado como os demais. Lá, honestidade comercial é
uma imutável questão de honra entre as partes.
Entre tantas outras quase inacreditáveis boas condutas,
vale salientar que, este também é um país socialmente
mergulhado em misérias e desemprego; adversidades que não
são desculpas para que cada um zele pela individual
honestidade. Que maravilha! Eu deveria viver, para sempre,
num lugar assim. Respeitar e não temer ser enganado.
Por estes lados de cá, os gananciosos andam tão ocup ados
na prática da Lei de Gérson que nem lhes sobra tempo para se
interessar por tais costumes longínquos. Se descobrirem que no
mundo existem nações tão “tolas” assim (ser honesto por aqui é
sinônimo de ser otário) iriam viver pelo menos alguns dias por
lá: fazer fortuna e voltar pra cá; cheios de status: desfilar em
importados sobre quatro rodas ostentando grifes e arrogância,
contrariando os costumes dos tantos ricos e discretos ingleses,
segundo o autor destas mesmas matérias.
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