Joias Hotel
O PECADO DORME AO LADO
Mais uma vez, aquele casal, comerciante de joias
folheadas, dava entrada no hotel naquele anoitecer. Não fosse a
cara de Didi Mocó que o marido tinha, alguém poderia até
confundir a esposa dele com a estonteante Ellen Roche. A
mulher era a cara e o corpão da Ellen. Sujeito de sorte o marido
dela. Quem não estava com essa bola toda, era um rapazinho, do
mesmo ramo, que já se encontrava a alguns dias hospedados no
hotel e ficou pasmo com a saúde da Ellen. Com aqueles seus
olhos de peixe morto e queixo caído, o carinha era recém-casado
e o patrão dele não estava nem aí: fazia o coitado viajar feito um
louco atrás de clientes, o deixando dias a fio distante de sua
recém-esposa. Particularmente, defendo que deveria ter um
acordo na CLT proibindo essa tortura contra casadinhos de
novo. A situação do rapaz era simplesmente deplorável. Um
pecado. E, como desgraça pouca é bobagem, a Ellen com o sósia
do Didi Mocó, se acomodaram no apartamento vizinho ao do
azarado.
No dia seguinte ele estava reclamando:
— Caramba, dormi mal pra dedéu! Aquela mulher do lado
gemeu até tarde da noite. Por que não dormem num motel? A
mulher deveria gemer um pouquinho mais baixo. Isto é falta de
respeito. Eu procuro não perturbar o meu vizinho com qualquer
tipo de barulho que seja. Você, na sua casa, perturba o seu
vizinho com algum tipo de barulho?
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