Gilberto Candido
QUEM COM CHIFRE FERE...
Eu bem que desconfiava das pessoas metidas a
modernosas que diziam que homem que faz pés, mãos e cabelo,
semanalmente, era “metrossexual”. O Conrado, que era noivo da
Soninha e assim considerado, deixou tão evidente que esta
palavra disfarçada não ia pegar. Tanto, que a mesma passou
como um flash arco-íris e já caiu em desuso.
Foi logo após o 1º WJoias, no Auditório Guarani e ele não
se conter de emoção e soltar as frangas, na presença dos demais
convidados, no foyer do hotel, agarrando e beijando o Petrus,
que ele já não via desde os tempos do colégio.
Obviamente, a Soninha morreu de vergonha da tal
escancarada passividade do afoito noivo.
Já no interior do 101, ela tratou de lavar as roupas sujas
descarregando uma dura lição de moral pra cima do
afrescalhado — o mesmo que estava prestes a se tornar o seu
futuro e amado esposo. Extremamente magoado, o Conrado não
aguentou nem o 1º round: imediatamente refez as malas,
antecipou o check-out e, com as primeiras luzes daquela mesma
noite, bateu asas e voou.
No outro dia, bem cedinho, quando ele ligou para o hotel,
arrependido, pra se desculpar com a Soninha por sua repentina e
covarde retirada impensada, foi que descobriu que esta hóspede
do 101, por “questões econômicas”, segundo ela, havia se
transferido, logo após ter sido abandonada por ele, para um apto.
double/ executivo — o 213 do Petrus.
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