Gilberto Candido
O HÓSPEDE: “Demorou! Lá vem o gerente. Com certeza,
vai apertar a minha mão. Está pensando que eu indico este hotel
de graça. Desta vez, passo a exigir que ele me dê um bom
desconto à título de comissão. Se ele desconversar, digo que
nem eu voltarei mais aqui.”
O MENSAGEIRO: “Pronto! Lá vem aquele outro cara. Se
ele estiver num dia bom, vai ser ótimo lidar com ele. Mas, se ele
não tiver fechado um bom negócio nos seus folheados, é melhor
que eu fique esperto. Ele é daqueles hóspedes que descarrega a
sua desgraça toda em cima da gente. Como se o mensageiro
fosse o culpado de tudo”.
O HÓSPEDE: “Ô loco, meu! O dia foi foda. Se tivesse um
saco de pancadas por aqui, eu o debulharia. Olha a cara de
assustado do mensageiro! O coitado pensa que eu vou perder
tempo com ele. Já estou cansado de lambaris. Queria mesmo,
era acabar com um tubarão. Daquele grandão. Cabeça chata.”
O RECEPCIONISTA: “Ai! Esse cara é chato que dói.
Tem dia que ele chega todo nervosinho aqui, mas, na manhã
seguinte acorda cantando a Bia aqui na recepção. É isso que dá a
gente arrastar um caminhão por alguma colega do hotel. Corre
um ti-ti-ti pelos bastidores, que a Bia ainda não saiu com ele só
porque tem medo de perder o emprego”.
O HÓSPEDE: “Olha aí. Aí está o recepcionista mais
esquisito que eu já vi em toda a minha vida. Ele nem desconfia,
mas toda vez que eu saio com a Bia, ela pede pra eu não ficar
espalhando, porque sou casado e pega mal. E ela diz que se esse
32