Joias Hotel
É o caso do filho da Dona Vanda... O sujeito me
acompanhava já no terceiro ano de hotelaria e vivia numa
pindura de dar dó. Separado, pai de dois filhos, já não sabendo
mais pra onde correr — ou se esconder. Vivia matando cachorro
à grito. Ou como prefere o Martinho da Vila: “...latindo no
fundo do quintal pra economizar cachorro”.
Com as dívidas roland o feito uma bola de neve e, com
ameaças de processos que o levariam pra trás das grades, ele fez
um acordo trabalhista no hotel, investiu as quinquilharias no
mercado joalheiro e, foi meio que empurrando com a barriga.
Valendo-se de algumas experiências anteriores nas linhas de
produção de médios e grandes fabricantes, não perdia as
estribeiras quando o seu quadro gráfico despencava atingindo o
vermelho. Valendo-se de muitas experiências como
colecionador de dívidas, o filho da Dona Vanda batia no fundo
do quadro e subia novamente como uma bolinha de ping-pong.
Desde a última vez que o vi, ele andava estabilizado,
deslizando suavemente no alto de seu gráfico empreendedor.
Não atrasava mais pensão. Não era mais ameaçado pela ex. E
estou sabendo que continua não pagando mais as demais contas.
Claro!, emergente como se tornou, deixa tudinho nas mãos de
seu filho mais velho, portador de canudo em Administração do
Programa da Auditoria da Qualidade. Não entendi muito bem o
que realmente ele faz, mas foi o pai do neto da Dona Vanda que
me disse assim; com todas essas letras aí. Deve ser coisa boa.
Porque o neto da Dona Vanda é pra lá de organizado. Com ele
no gerenciamento, tá tudinho lá ó; no débito automático.
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