Gilberto Candido
desabafava, musicalmente, com a mãe dele. Terminando essa
mesma música com “E quem tá na chuva tem que se molhar. No
início vai ser difícil. Mas depois você vai se acostumar.”, não
me deixava qualquer dúvida. Cheguei a imaginar ele e o
Roberto tendo um caso, levando em conta que o rei gravara uma
canção pra lá de romântica pro Caetano Veloso, onde ele fazia
rasgados elogios aos caracóis dos cabelos do baiano que acha
“tudo lindo!!” Erasmo, Roberto e Caetano... Pra que essa salada
musical toda não terminasse numa descabida suruba na minha
quase pura inocência, eu preferia me conformar, pensando:
“Artistas são todos assim mesmo!”
——:——
Uma vida inteira é quase o suficiente pra que a gente
conheça, e até conviva — na comunidade, no trabalho — com
pessoas que optam por pseudônimos. Tornam-se tão naturais
certas denominações, que o tempo passa, como as águas de um
rio, e jamais vamos saber o nome daquela ou outra pessoa. Veja
os pseudônimos de artista e escritores, por exemplo.
No meu círculo de anônimos, conheci vários “Turcos”.
Com exceção de um destes, sei o nome verdadeiro dos outros.
Estranhamente, o mais próximo de mim, será eternamente “o
Turco”. Sei lá. Não tenho coragem de perguntar o nome dele. E
se ele chamar-se “Ermengardo” ou “Pirepópole”? Tenho medo.
Tive (tenho) um amigo que é o Badê. É Badê daqui, Badê
dali, e não sai disso: Badê.
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