Gilberto Candido
em apoderar-me, furtivamente, de um destes seus anéis para,
posteriormente, guardá-lo num jardim secreto onde somente eu
saberia como encontrá-lo, caso você vier a dar-me motivos para
que me sufoque de saudades de ti. Mas me detenho. Que
bobagem a minha! Sei o quanto somos fiéis. E essa nossa
sagrada fidelidade perpetuará na cumplicidade deste tão nosso
amor. Te amo!
O ÍNTIMO ACESSÓRIO
Na tua calcinha, um lampejo me atrai. Uma pequena e
elegante pedra lapidada prende ao centro um minúsculo laço que
fixa no cós dianteiro sobressaltando entre os mínimos detalhes
que compõem essa íntima peça que sugere ser retirada o mais
depressa possível e... Perdoe-me. Penso em despi-la no ato,
ignorando as descobertas que, a cada dia e a cada noite, você me
propõe. Detenho-me por saber que, somente os insensíveis
seriam capazes de tamanha estupidez. Te amo!
A TORNOZELEIRA
De sço e sinto o macio de suas coxas, de seus joelhos.
Beijo-lhe os pés, minha adorável esposa. O dourado precioso
que envolve o seu tornozelo brilha insistentemente na íris dos
meus olhos e... Perdoe-me. Não contive o pensamento vulgar de
tê-la pra mim envolvida, também, numa outra tornozeleira —
uma tornozeleira eletrônica, pra poder seguir os seus passos.
Saber por onde tu andarás, tu pisarás. Entretanto, me detenho
em saber que somente pessoas criminosas são passíveis de
perverso monitoramento. O fato de você ter-me roubado o
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