Gilberto Candido
tantos anos, desde que nos conhecemos, ardentemente,
alimentado pela absorção de nossas devotas súplicas. Te amo!
O COLAR
Minhas mãos deslizam suavemente por debaixo de seus
cabelos e, caprichosamente, meus dedos vão resvalando a sua
nuca. Beijo levemente o seu pescoço. Ah, o colar! Recordo-me
de quando te dei um, há dois anos, meses depois de
oficializarmos o nosso romance. Eu tinha certeza de que você
iria gostar. Porém, não imaginava a surpreendente dimensão de
seu contentamento. Assim como aquele, esse também que tu
aparatas agora, dispersa encantos em harmonia no seu busto, ora
pelos cristais que fascinam por suas vibrantes energias. Parece
magia tanta perfeição. Aliás, em você tudo é perfeito. Tudo é tão
perfeito que no átrio de nosso lar vou instaurar uma estátua de
minha devoção a ti e... Perdoe-me. Você já tem me dito que não
pretende que eu a venere por sua fotogenia. Que não te mitifique
em abstratos, mas, sim, com a simetria que representa a pessoa
de corpo e alma que você é. Te amo!
O BROCHE
Um rendado sutiã, com bojo na parte inferior, recobre os
seus seios. Sou grato pelo mistério que me propusestes, pela
minha ignorância do que suponho haver, ou não haver, no
entrelaço deste às suas costas. Pensava eu, que todos os sutiãs
tinham fechos exclusivamente na parte de trás. O seu tem um
fecho brilhante na frente, entre os seios. Levo-me a precipitar
nos descaminhos de pedir-lhe que vire de bruços para que,
assim, eu possa saciar a minha curiosidade. Mas me detenho.
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