Gilberto Candido
JUMEU E ROLIETA
O casal era sócio no ramo de bijuterias. Ambos
usavam aliança no anular direito. Ele só a chamava de “Mô” e,
ela chamava-o de “Mozinho”. Já era o terceiro dia de estada
deles no hotel e, formalmente, não chamávamos qualquer
hóspede pelo pseudônimo; apenas pelo nome.
Acho que a mulher estava se arrumando e, pra variar, o
marido desceu antes dela. Minutos depois ela apareceu, toda
produzida. Olhou para os lados, procurou pelos cantos e não o
encontrou.
— Você viu o mozinho? — me perguntou.
— Quem?
— O Jú.
— Jú?!
— O Juliano, meu marido.
— Ah, sim, o seu marido! Não, não vi.
Ela foi à porta, olhou lá fora, voltou e continuou a
procurá-lo. Nisso, ele que havia descido imperceptível, apareceu
estacionando o carro bem na porta do prédio.
— Minha muié já desceu? — quis saber.
— Sim, estava aqui ainda à pouco. Estava te procurando.
Ele foi procurá-la no lobby e ela procurava-o, em
desencontros, até que se encontraram. Saíram de mãos dadas e,
com um cavalheirismo encantador, o moço abriu a porta do
carro pra ela, fechou-a cuidadosamente, rodeou o veículo e
assumiu o volante. E lá se foram: a Mô e o Mozinho, exalando
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