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Um tema presente hoje em dia nas mídias ao redor grupo, expondo ainda mais os membros marginaliza-
do mundo é o uso do humor para a propagação de dos da sociedade, perde o propósito reflexivo e se tor-
informações. Até onde vai a importância e o bom na uma ferramenta cruel de exposição.
senso da crítica realizada com o uso do humor? A
partir de que ponto essa estratégia de atração do lei- Se analisarmos o leque de interpretações e reações
tor consegue manter uma relação de respeito com o possíveis frente às piadas ofensivas veremos que o re-
receptor do dado? sultado pode variar entre risos e conflito, muitas vezes
físico. Quando fala-se em conflito, devemos lembrar
Podemos dizer que o humor ultrapassa as barreiras de reações como o ataque ao jornal Charlie Hebdo em
do marketing tradicional, deixando a comunicação 2015. O jornal tinha uma forte abordagem humorísti-
com o público alvo mais leve. Ao mesmo tempo que ca que ultrapassava o limite, tanto da critica quanto
diverte, a comicidade marca, fixando uma ideia na do incentivo à discussão. A reação dos leitores variava
mente das pessoas com maior facilidade. entre risos e aprovação ou desaprovação e asco. Por
fim, a resposta final foi o ataque à sede do jornal.
Sabemos que o humor se tornou um mecanismo de
comunicação fundamental para despertar na socie- Portanto, cabe à nós jornalistas, independente da fer-
dade reflexões de cunho social, politico e econômico. ramenta de transmissão de notícias, nos atentarmos
Além destes, através do humor abordar as questões ao modo como difundimos informações. Acima de tu-
étnicas tem se tornado mais recorrente. Charges, do, é necessário manter o respeito, o decoro e garantir
tirinhas e cartuns conseguem transmitir críticas níti- a veracidade dos fatos.
das pela ironia imposta. O humor faz parte de movi-
mentos de defesa de minorias, porém, ao mesmo
tempo, pode ser utilizado como forma de insulto à
outros.
Em geral, o humor é visto como ofensivo e pejorati-
vo. O limite deste é tido como ambíguo, traçar uma
divisão entre o certo e o errado no gênero humorísti-
co é difícil. Por se tratar de uma ferramenta que tem
a intensão de provocar o leitor, e assim, causar uma
reflexão, muitas vezes o autor da crítica ultrapassa o
limite do respeitoso. A produção de uma piada que
humilhe, menospreze ou zombe de problemas sérios
que afetam diretamente a vida de uma pessoa ou
Charge de Charlie Hebdo satirizando um terremoto em
2016 que matou quase 300 pessoas.
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