INTERPRESS (Maio, 2015) | Page 27

Interpress Estudantes de instituições privadas e federais se dispuseram a contar suas experiências com derivados da Cannabis sativa, demonstrando como são verídicos os resultados de pesquisas como a do CEBRID (Centro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) divulgada recentemente mostrando que os adolescentes das escolas particulares de São Paulo também começam a fumar maconha a partir dos 14 anos. “ Quando eu tava no fundamental II tinha um trabalho de ciências onde todos os grupos faziam sobre os efeitos e as consequências das drogas. Só que aí as consequências eram, tipo assim, muito exageradas e então a maconha ficou como... sei lá: a cocaína de hoje. Foi uma visão super péssima e eu pensei „Meu Deus! Eu nunca vou usar maconha nem nada na minha vida!‟ E é claro que isso foi antes. – risos”. Conta Bruna, aluna do 2° ano técnico no CEFET-MG. É na recorrência de falas similares às de cima que se torna fácil observar como se dá a primeira impressão das drogas em uma escola privada de ensino fundamental. Como no caso da Bruna, que antes estudava no Magnum do Buritis, área nobre de Belo Horizonte. Isso acontece devido a existência dos muitos programas anticonsumo que a rede particular se prontifica a investir visando minar, já na faixa etária infantil, o interesse em drogas. Segundo o artigo “Uso de Drogas Psicotrópicas Por Estudantes: Prevalência e Fatores Sociais Associados”, da Faculdade de Campinas, embora essa política encontre um bom percentual de eficácia, há muitos que utilizam a boa condição financeira para comprar ilícitos. Cdhm: saiba mais “(...) é plausível que a disponibilidade financeira possa exercer uma influência significativa, pois, no presente estudo, encontrou-se que o uso pesado de drogas, além de associar-se ao trabalho, esteve associado a pertencer aos níveis socioeconômicos mais altos: A e B.” Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/ Unicamp). Campinas, SP, Brasil. Embora se tratando de dois tipos de localidades muito diferentes em estrutura, ideologia, público etc., o fato acerca dos 14 anos é comum em ambas as áreas de ensino. Os dias atuais servem de provas para que um responsável deixe de pensar que em uma escola particular seus filhos estão protegidos e/ ou que, apesar de públicas, as escolas federais são formadas por super alunos moralmente corretos. Durante o final da década de 80 até o final dos anos 90, a pedido do Ministério da Saúde, Universidades por todo o país se puseram a analisar dez capitais a fim de informações concretas do consumo de drogas nas escolas. Ao final da coleta de dados, os resultados apontaram que as substâncias mais utilizadas foram álcool, tabaco e solventes, revelando, ainda, que o uso pesado da maconha aumentou em todas as 10 capitais pesquisadas. Atualmente, cerca de 15 anos após as conclusões da pesquisa citada, o índice do consumo da maconha continua em ascensão. Dentre os contextos educacionais que abrigam usuários, três são analisados com mais atenção: escolas públicas federais (ou denominadas “centrais”), escolas públicas restantes (ou denominadas “periféricas”) e escolas particulares. Entre os vários fatores sociais avaliados (como gênero, idade, trabalho, desestruturação familiar e presença de religião), foi observado uma diferença de comportamento muito grande entre os estudantes de instituições federais que ou antes estudaram em rede pública ou antes estudaram em rede privada, > 27