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Por quê não andamos tranquilamente na favela onde nascemos
As periferias têm enfrentado diversos problemas quanto ao acesso às questões sociais básicas e de direito de todos desde os primórdios de seu surgimento.
Por Isabella Motta e Maria Clara Lucioli
Falta de estrutura, políticas públicas, acessibilidade e um processo de urbanização tardio. Assim se deu a formação das favelas brasileiras e sua vigente falta de acesso a recursos básicos, como educação, saúde e saneamento. Não obstante, o processo de favelização foi intensificado pela abolição da escravatura, que não se preocupou em inserir no mercado de trabalho os libertos, e pela chegada de imigrantes na formação de grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, que escondem, geograficamente, grandes complexos.
‘ Frente a essa realidade, na década de 60, Carolina Maria de Jesus escreve em seu livro " Quarto de despejos: diário de uma favelada” relatos sobre o sucateamento e a falta de recursos na favela do Candidé. Assim, diz: mescla com o barro podre. Quando estou na cidade, tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de veludos, almofadas de sitim. E quando estou na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo”.
Suas descrições, apesar de escritas décadas atrás, apresentam uma realidade atual. As comunidades se veem frente a grande desigualdade, o que evidencia este fato são dados do IBGE, 20 % da população brasileira ganha mais de 50 % da renda“ Às oito e meia da noite eu já estava na favela respirando o odor dos excrementos que mescla com o barro podre. Quando estou na cidade, tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de veludos, almofadas de sitim. E quando estou na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso,
“ Às oito e meia da noite eu já estava na digno de estar num quarto de despejo”. favela respirando o odor dos excrementos que
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