Interpress INTERPRESS 2 EDICAO | Page 9

Interpress consistiu-se na troca de in- formações sobre pessoas e organizações tidas como “subversivas” entre os países- membros. A segunda fase caracterizou- se pelas trocas e execuções de opositores nos territórios dos países que formavam a ali- ança. Essa fase foi marcada por ações contra os alvos no interior dos seis países- membros. Foi nesta em que houve o crescente número de mortes e condenações por crimes políticos. A terceira ficou marcada pela perseguição e assassinato de inimigos políticos no exterior - muitas vezes no pró- prio exílio. “Mais de 30 mil pessoas foram torturadas e assassinadas pela Condor, incluindo líderes civis exila- dos sob a proteção da ONU”, diz o jornalista americano John Dinges. Estimativas me- nos conservadoras calculam que a Operação Condor teria chegado ao saldo total de 50 mil mortos, 30 mil desapare- cidos e 400 mil presos. Muitos grupos de esquerda ameaçavam a estabilidade dos governos ditatoriais. O receio estava presente nos políticos de centro-direita acreditando que a América do Sul fosse seguir o exemplo de Cuba e se permitir fazer parte de um conjunto de paí- ses comunistas aliados à an- CELAC: Saiba mais tiga URSS. Por isso, o acordo foi bem estabelecido entre os países do Cone Sul. Como na Guerra Fria havia uma dis- puta ideológica, o acordo não foi contestado por países que tinham poder para isso, pelo contrário, eles permitiram que o massacre continuasse até o fim do processo. tuições e nas sociedades atuais dos paí- ses referentes à cima. Além disso, ainda estão presentes no corpo social traços da perseguição aos grupos de esquerda nos discursos con- trários à implantação de serviços soci- ais. São associados aos ideais comunis- tas tão perseguidos anteriormente e considerados uma ameaça durante o período ditatorial. Dentre os grupos de esquer- da mais conhecidos na épo- ca, podemos citar os do Tu- pamaros (Uruguai); Monte- neros (Argentina), MIR (Chile), entre outros. Os go- vernos ditatoriais acusavam esses grupos de exercerem práticas criminosas, como sequestros e furtos, para pa- trocinar as suas atividades guerrilheiras. Seus discursos os associavam até mesmo os narcotraficantes aos grupos de esquerda, sem possuírem nenhuma confirmação de que esses atos eram de fato cometidos. Os reflexos da Operação Condor estão presentes até hoje. Existem muitos casos sem solução ou explicação. Nos últimos trinta anos, ape- sar dos esforços de redemo- cratização da América do Sul, muitas vítimas e mortos dos regimes ditatoriais não tiveram a devida justiça, muitos outros ainda estão desaparecidos. A violação aos direitos humanos e o desres- peito aos civis ainda são he- ranças encontradas nas insti- Cartaz do documentário produzido por Ro- berto Mader / 2007 9