Inominável Nº 4 | Page 7

Um jogador acabava o seu turno e basicamente enviava o mapa no estado em que o deixara para outro jogador. Ou seja, cada um tinha de esperar uma data de tempo antes de poder jogar outra vez. Era tipo xadrez, com a diferença de que quando se visse o campo de batalha de novo, poderíamos ter sido já decimados sem podermos fazer grande coisa. No xadrez pelo menos sabemos à partida partida que a partir de certo ponto estamos tramados.

Algures no ano 2000 (talvez?) foi-me oferecido um jogo para mim revolucionário. Um jogo que estabeleceu novos patamares no género de RTS: Age of Empires II. É um jogo em que comandamos a nossa civilização e os nossos exércitos através de eras diferentes do medievismo. Criam-se aldeões, que adquirem recursos, com os quais constroem edifícios, nos quais se treinam tropas e se desenvolvem tecnologias. Objectivo final? Andar à porrada. Espadachins contra cavaleiros contra arqueiros contra catapultas contra elefantes contra castelos. Tudo contra tudo, sendo que cada unidade tem forças e fraquezas e por vezes é dificílimo que dois exércitos estejam perfeitamente equilibrados um contra o outro. Aliás, é esta percepção que diferenciará jogadores.

Nos dias de hoje o conceito pode parecer muito básico, mas o “eu” pré-adolescente não compreendia inicialmente a gestão de recursos e o equilíbrio dos diferentes tipos de tropas. Mas aprendi. Fiquei mais admirado quando me apercebi de que as forças e as fraquezas das tropas tinham razão histórica de ser.

O Age of Empires II vinha com um manual que tinha descrições detalhadas sobre o contexto histórico por detrás de cada tipo de soldado e por detrás de cada tecnologia (infelizmente agora não consigo encontrar o manual, gostaria de o mostrar… enfim…). Aprendi imenso sobre a Idade das Trevas em que a Europa esteve mergulhada durante 1000 anos. Para ser justo, devo dizer que havia nações asiáticas e americanas no jogo, mas o manual parecia focar-se muito na Europa.

É um jogo famosíssimo pelas renhidas e longas competições online que se desenrolaram, mas nunca apanhei nada disso, pois só viria a ter serviço de internet muito mais tarde.

Alguns anos depois, recebi um jogo que considero uma das obras-primas da indústria dos videojogos. Era a terceira iteração de uma saga já bastante bem colocada: Warcraft III: Reign of Chaos. Também é um RTS, mas as parecenças com o Age of Empires acabam quase aí. A jogabilidade era similar em alguns pontos apenas. Havia 4 facções fantasiosas, bastante díspares em termos das suas características. No geral, o esquema era o mesmo. As unidades trabalhadoras adquiriam recursos, construía-se a base, criavam-se tropas. Objectivo final? Andar à porrada.

7

Nº 4 - Junho, 2016