Inominável Nº 2 | Page 56

quem eu estou a falar, não sabem? Exactamente. Da Ana! Na noite de Natal, a sua avó surpreendeu-a com a prenda mais especial que ela já alguma vez recebera. Uma prenda feita pela misteriosa tribo das neves, Xirihbitatá, e que desde essa noite a Ana nunca mais largou.

Lembrava-se de quando a avó a colocara sobre os seus ombros, fizera um laço com os atilhos e depois lhe tapara a cabeça com o carapuço, puxando-lhe os cabelos cor de abóbora para a frente. “Perfeita! Eu sabia que ias ficar linda com ela!”. Naquele momento, Ana sentiu-se muito quentinha e confortável, e uma felicidade imensa apoderou-se dela.

Aquela era a capa mais bonita que ela já vira na vida! Era azul, da cor dos mirtilos, e para seu espanto, cheirava a bosque, a chuva e frutos silvestres. Cheiro esse que não desaparecia nunca, nem depois de a mãe a lavar com sabão azul e branco, detergentes e amaciadores. Também a protegia tanto do calor como do frio, podendo usá-la o ano inteiro, e ao contrário de todas as outras roupas que ficavam curtas à medida que ela ia crescendo, a capa azul mirtilo ia-se adaptando à sua dona e crescendo com ela, para que nunca deixasse de lhe servir. E à noite, quando ela pendurava a capa na cadeira e se enfiava na cama, um doce aroma a floresta, chuva e frutos silvestres invadia o seu quarto, ela fechava os olhos e sonhava com lugares mágicos e nunca antes visitados. Em todos eles trajava o seu capuchinho azul mirtilo e com ele sentia-se invencível.

A Ana e a sua capa eram de tal maneira inseparáveis que já toda a gente lhe chamava Ana Mirtilo. Mas ela não era a única a adorá-la...

ra uma vez uma menina pequenina de cabelos cor de abóbora que tinha tantas sardas na cara quantas estrelas há no céu, e cujo nome era doce e pequeno, como ela:Vocês sabem de quem é

por Sofia Silva

por Marta A.

O Capuchinho Azul-Mirtilo

56