POVO
Um povo tão pequeno, foi gigante,
Com força, que o fez ir adiante
Na saga, donde nascem os heróis,
Lançando esta Nação numa epopeia,
Tão grande, que ninguém fazia ideia,
Que havia de brilhar como mil sóis.
Deixando-se levar numa aventura
Que sendo, embora, quase uma loucura,
Virou um povo inteiro para o mar,
Desde os que construíram caravelas
Aos que abasteceram e aos que nelas
Entraram e as fizeram navegar.
Saber que, descobrir um mundo novo,
Foi feito não dum homem, mas dum povo,
Que fez do navegar o seu destino,
Só pode deslumbrar-nos co' a memória
Dos homens de coragem, de que a História,
Nos fala, num relato genuíno.
E lemos que fizeram descobertas,
De terras povoadas e desertas,
Em ilhas, continentes, oceanos,
Que, sempre com arrojo e força insana,
«Passaram muito além da Taprobana»
Em saga mais de deuses, que de humanos.
Seguindo, ora a pé, ora embarcados,
Em busca doutras gentes, doutros lados,
Entraram nesse mundo de Meu Deus;
Com fé e com coragem verdadeiras
Ousaram arriscar outras maneiras
De ter na terra mais visões dos céus.
E foram tantos séculos de sonhos,
De lutas contra monstros tão medonhos,
Que ousaram, com audácia, enfrentar,
Que ao ver a Cruz de Cristo numa vela
Já todo o oceano via nela
A força que o havia de domar.
Só quem venera o sonho dos antigos,
Relembras feitos seus, sente os perigos,
Pode evocar egrégios como amigos.
NATAL DISTANTE
Sabe Deus, quantos velhinhos
Andarão pelos caminhos
Neste tempo de Natal;
Sem que o mundo à sua frente
Lhes prometa que o presente,
Não seja sempre o normal.
Sabe Deus, quantas crianças
Perderam quaisquer esp'ranças
Neste "estado social",
Que alimenta só ladrões,
Compadres e até vilões,
Não vendo quem passa mal.
Se o valor das Fundações,
Em vez de manter burlões,
Fosse dado a quem precisa;
Era o país mais honrado,
Não punha os pobres de lado,
Mostrando uma acção concisa.
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