Vítor Cintra
Gerês)
Nº 1 - Dezembro, 2015
quem tenho a honra de chamar Pai, que me deu o privilégio de partilhar o seu imenso saber, a sua cultura e os seus valores.
Talvez seja difícil para a geração actual, cada vez mais mergulhada na transitoriedade e na superficialidade próprias do imediatismo, entender um poeta com a qualidade e grandeza de Vítor Cintra (pseudónimo de João Vítor Silva), homem de vasta cultura geral, multifacetado, bloguista intervencionista e poeta para quem a visualidade, a emoção e a memória são pedras basilares. Como um observador atento que olha ao acaso, da margem de um rio ou da margem da vida, para a vastidão de um mar salgado ou para o sal da vida, Vítor Cintra tenta retratar um instante, uma personalidade ou um evento com uma mestria e precisão históricas, que não excluem a nostalgia ou a saudade, a crítica ou o elogio.
Reservado na sua vida privada, contido nas manifestações exteriores de afecto, é um homem cuja única vaidade consiste em ser íntegro e leal para com as suas convicções. Abarca o mundo na alma e usa a pena para o retratar com a intensidade de quem celebra a vida e as emoções. Abomina a mediocridade e elogia a coragem de quem luta por fazer deste um mundo melhor.
Não passou ao lado da vida, como não passa ao lado de tudo o que é belo, grandioso e valioso. Deram-lhe uma voz e o dom da palavra e ele usa-as com mestria pelo que, à semelhança dos seus feitos na vida, a sua obra certamente ficará nos anais da história e da literatura.
Helena Silva
ILHAS
Surgidas das entranhas de Vulcano
Elevam-se das ondas dos oceanos
- Encostas bordejadas por levadas -
Montanhas, que contrastam a beleza
Agreste, que lhes deu a Natureza,
Com flores, por socalcos derramadas.
Milénios são passados, desde os tempos
Que contam que, fugindo aos seus tormentos,
Os deuses se escondiam muitas vezes.
Por certo procuravam nestas ilhas
- Cercados por imensas maravilhas -
Carpir, ou lamentar, os seus revezes.
Talvez por isso Ulisses navegasse
Num rumo, que ao Olimpo o transportasse,
Além do mar sem fim, a todo o pano;
Mas fora, por Destino, já traçado,
Ser este paraíso reservado
A povo mais ilustre: O Lusitano!
Assim, ao ser chegada a sua hora,
Os deuses resolveram ir embora
Fazendo aos portugueses o legado.
Por cá ouvem-se agora serenatas
Cantadas, em levadas e cascatas,
Por ninfas, em dolentes tons de fado.
ítor Cintra, um autor que ficará para a história e que, por mérito, deveria ser estudado e incluído no Plano Nacional de Leitura (Ler+); um homem único, a
V
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