Inominável Nº 1 | Page 21

Nº 1 - Dezembro, 2015

1) Inseriu emoticons na conversa. E ainda por cima chama-lhes “bonequinhos”.

Serginho, Serginho. Homem que é homem cospe para o chão, coça a virilha e

NÃO MOSTRA EMOÇÕES. Ao fazer isto, até o decote da miúda mingou, atrofiado.

2) Não reagiu prontamente à miúda feia que ela levou para acompanhante.

Desengane-se, meu caro, se pensa que era um convite ao pecado ao cubo. Ou se

lhe passou pela cabeça que era uma medida de segurança, esqueça já isso. Só há

um motivo para as mulheres levarem amigas no primeiro encontro com um

rapaz: as amigas são horríveis e, por comparação, elas vão ser lindas aos olhos do

pretendente. Eu própria me faço acompanhar sempre de uma amiga com a cara

em tão mau estado que parece uma vítima de lepra – sei que tenho namorado,

mas ajuda a impressionar o resto do povo na mesma. Conclusão: devia ter feito

logo um comentário do género “Caramba, que és mesmo gostosa! Já viste se me

tem calhado aquela?” [cara de nojo].

3) Não percebeu as metáforas. E este erro foi fatal. A miúda estava a atirar-se para

si como as velhotas se atiram para os primeiros lugares dos autocarros. Uma

experiência marcante, garanto-lhe. Para que nunca mais repita esta falha que só

o prejudica vou deixá-lo pensar na metáfora que o próprio Serginho fez quando

disse “não se pode ir com muita sede à batata-doce”. Veja o que disse e o que

realmente queria dizer – isso é uma metáfora. A não ser que ela seja de facto

uma especialista na cultura desta sub-espécie de tubérculo e estivesse a ser

literal. Aí já não me responsabilizo.

Meu querido, aceite este conselho: telefone à Helena Gorda.

Sem bonequinhos, sem metáforas, sem grandes conversas.

Peça-lhe para provar um pastel.

Porque a beleza passa a todos, mas a fome – ah, a fome! – essa nunca.

Olá Serginho.

É com ternura que lhe dizemos: ainda bem que nos escreveu. Urge que alguém o ajude a entrar no mundo intrincado das mulheres. Vou começar por lhe apontar brevemente os erros que cometeu com a menina que conheceu no Facebook – não me leve a mal, está bem?

Antes de mais (vá, uma coisa positiva): excelente escolha. Se a sua intenção era encontrar uma moça com quem cumprir os desígnios de Deus para a espécie humana – a reprodução – a indicação do decote da foto é um farol de certezas (ou dois, no caso). Depois, por ser prima do seu amigo, sabe que em princípio é moça de família, que está a usar o nome verdadeiro na rede social e portanto, menos doenças terá. Está a ver? Ia começar a apontar-lhe defeitos na interação, mas soube pelo menos identificar bem com quem havia de falar.

Vamos então aos erros.

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