Inominável Nº 0 | Page 27

A dinâmica que os videojogos possibilitam cria centenas de oportunidades para se apresentar uma mensagem ou criar entretenimento de forma interactiva. Isto era tão verdade nos anos 80 e 90 como é hoje, especialmente com a introdução de cada vez mais dispositivos onde se pode inserir um jogo.

Os videojogos tiveram níveis flutuantes de aceitação social ao longo do tempo, mas acredito que ao longo da sua história, esta indústria tem vindo a ser cada vez mais aceite pelas pessoas. Note-se, a indústria já é aceite há muito tempo pelos investidores, pois estes sabem que há pessoal disposto a gastar rios de dinheiro e dezenas de horas em conteúdos deste género. Não é, no entanto, dos investidores que quero falar, mas sim da forma como os videojogos são vistos pela sociedade. Há 10-15 anos atrás seria estranhíssimo para alguém ver toda a gente a olhar e a mexer no telemóvel a explodir bolinhas. Hoje é aceite como uma forma de passar o tempo nos transportes públicos ou mesmo à refeição. Há 10-15 anos seria ridículo pensar em eventos competitivos mundiais de videojogos. Hoje enchem-se estádios para ver uma equipa de 5 adolescentes a derrotar outra semelhante num jogo incompreensível para quem nunca jogou.

Poderá ser estranho o que estou a dizer, mas do outro lado do mundo, na Coreia do Sul, jogadores de videojogos são autênticas celebridades e os eventos competitivos são quase comparáveis à Liga dos Campeões do futebol. Vejam o seguinte vídeo para compreenderem o que quero dizer:

Para mim, ver qualquer coisa do jogo em questão, chamado League of Legends, é chinês, pois percebo muito pouco de como o jogo funciona. Mas tudo o resto que vejo é análogo a "desportos a sério": existem estádios cheios de fãs, patrocínios de grandes empresas, cerimónias de abertura épicas, troféus enormes, etc..

Reparai bem como eu, que gosto de videojogos, também não estou totalmente preparado para ver tais tipos de transformações na indústria. No entanto, sei que terei de me adaptar e habituar a ver esse tipo de coisas. Um dia haverá que, em Portugal, notícias de videojogos apareçam no noticiário das 8. Já nos dias de hoje se vê publicidade a videojogos na televisão.

Será o meu objectivo com estes textos explicar e preparar os leigos sobre um assunto que já não podem totalmente ignorar. Um dia haverá, ou já houve, em que comprareis um videojogo ao vosso infante e querereis ter uma noção do que é que o jogo consiste para saber se é indicado para ele ou não. Um dia haverá uma conversa no vosso local de trabalho sobre um videojogo específico, e sentir-vos-eis um pária. Um dia haverá em que o vosso neto chegará ao pé de vós e pedir-vos-á para jogar uma corrida com ele, na consola.

Até que ponto é que vós achais que podereis continuar a ignorar os videojogos como parte cada vez mais integrante da nossa sociedade consumidora de entretenimento?

Achais que podereis continuar muito mais tempo?Eu diria que não.

Eu diria:

Inominável/Outubro, 2015

Rei Bacalhau

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