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VIDA

Com amor, da ilha.

imediatamente ligámos para as autoridades. O meu filho, no seu fervor dos 20 anos, queria sair do carro e segurar no rapaz, mas a sua vontade foi refreada devido à minha condição de grávida (embora honestamente fosse também esse o meu impulso, o de tentar ir demover o jovem da sua intenção. Mas os 43 anos trazem alguma ponderação…). Muito pouco tempo depois passaram os bombeiros, numa resposta rápida e já habituada a estas ocorrências, infelizmente. Uma amiga nossa que é bombeira voluntária disse que ele não conseguiu, nesse dia, terminar com a sua vida. Mas dois dias depois tentou de novo...e não sabemos se o concretizou, mas com tamanha determinação conseguirá (ou conseguiu) levar a sua avante. O meu filho ficou a pensar nesta e noutras situações semelhantes, com um misto de revolta e tristeza, não entendendo a ausência da nossa intervenção física - pelo menos a do meu companheiro que, tendo já sido comandante de bombeiros e tendo resgatado cadáveres em vários cenários, em mar e em terra, mantém uma aparente frieza e auto-controle que um jovem ainda não consegue entender. Mas esta revolta fê-lo pensar que a prevenção devia começar em entender o porquê da taxa elevada de depressão na ilha, e que um estudo a fundo devia ser realizado. Aconselhei-o a arranjar uma forma activa de contribuir para uma possível solução, e a transformar a sua energia numa força positiva...!

E assim me despeço, com esta reflexão que pode ser aplicada a vários aspectos da nossa existência...das festas à depressão falei-vos de temas opostos mas que fazem parte da vida, seja em que lugar do mundo for, até mesmo nos sítios a que chamam paraíso... Mas na próxima edição falarei de Vida e Esperança certamente, especialmente porque será também dedicada a uma época particularmente direccionada para as nossas melhores emoções. Mas, até chegar essa altura, desejo-vos um Outono inspirador!

Nº 16 - Outubro 2018