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ANIMAIS

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comportamento-consequência! Não existem encantamentos nem magias neste âmbito dos comportamentos, mesmo dos nossos amigos animais, os tais ditos irracionais!

Mas vou tornar isto mais prático, só para perceberem melhor do que falo. Imaginem um cão que fica possuído sempre que se liga o aspirador! Ladra e ataca-o como se aquilo fosse o Adamastor surgido do nada para lhe atazanar o sossego canino.

O que faria o Cesar Millan?

Tipicamente, nos episódios, vemo-lo a conversar com os donos para compreender a situação. E nada de pesquisar sobre a saúde do cão… Mas adiante, vamos supor que o cão até é saudável, excetuando a “tara” por aparelhos que sugam e fazem barulho. Portanto os donos queixam-se do seu patudo e dizem “ Ele ataca o aspirador como se fosse o fim do mundo! Nem parece o mesmo!”

E que vai o “encantador” fazer? Pega no aspirador, liga-o, e fica literalmente à espera que a “fera” ataque. Quando isso acontece (e note-se não é nenhuma surpresa, foi isso que os donos disseram que ia acontecer) o cão é castigado, confrontado, e ali Cesar mostra, na sua ideia arcaica, “quem é que manda ali”! No fundo é mais ou menos como alguém decidir nas minhas costas que eu devo fazer uma dieta, e colocam, entretanto, um belo éclair à minha frente; mas quando eu for pegar nele, levo um tabefe por tentar comê-lo. Ou então, um belo de um sermão que me coloca de cabeça baixa, a chorar e a pensar que sou a pior pessoa do mundo e arredores!!!

É lógico, sim senhor, e verdadeiro, que o que se pretende dizer ao cão é que não deve atacar o aspirador sempre que precisamos de limpar! E quem tem cão em casa necessita muito deste eletrodoméstico. Mas será que para lhe dizer (leia-se castigar) o que não deve fazer, o cão tem de primeiro que ter o comportamento errado? Parece-vos justo um método que incita o cão a falhar redondamente, já que é mais que certo que o patudo vai ter o comportamento que sempre teve até ali?

Existe uma outra abordagem! E é completamente oposta a esta e com resultados muito melhores para a mente do cão, prevenindo até problemas futuros.

Em vez de criarmos um contexto em que sabemos que o cão vai fazer errado (neste caso, atacar o aspirador), criamos um contexto em que o patudo tenha tendência para fazer o certo, promovendo, desta forma, comportamentos alternativos ao que queremos eliminar!

Nº 15 - Agosto 2018