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Finda a visita, lá foi ele com massa de pimentão bem acondicionada na mochila, e nós regressámos a uma rotina a três: eu à minha escrita dirigida a

Têm a particularidade de serem reais e parecerem saídas de algum filme de comédia negra, e vou partilhá-las com vocês! Nem todas são daqui da ilha de São Miguel. Esta da qual vou falar em primeiro lugar ocorreu há uns anos na ilha do Corvo quando um homem, construtor civil vindo de uma outra ilha, achava graça lançar piropos às senhoras casadas daquelas paragens, o que não foi do agrado dos homens – que consideravam isso um insulto, fossem dirigidos às suas mulheres ou às dos vizinhos. Assim, lançaram-lhe um aviso no café que todos frequentavam, deixando claro que não tolerariam tal comportamento. O audacioso ignorou o aviso mantendo o comportamento, e foi avisado uma segunda vez, onde lhe foi aconselhado partir da ilha no próximo barco porque seria castigado pelo comportamento. Ficou ofendido, dizendo alto e bom som que a ele ninguém dava ordens! Castigo épico aplicado, e digno de um filme algures entre o sinistro e o cómico: foi decidido que o forasteiro iria partir no barco do dia seguinte e, para terem a certeza de que ele não o perdia nem se esquecia da lição, ataram-no a um poste no porto, todo peladinho, despido das roupas e da dignidade. Certamente que ele nunca mais lá pôs os pés e a líbido deve ter sofrido um abalo nos tempos seguintes!

vós e não só, e também a alguns projectos de recuperação de móveis; o meu filho a frequentar uma formação enquanto se decide qual o futuro que quer seguir por estas novas paragens; e a minha cara-metade dividido entre o trabalho de polícia florestal e a sua paixão pelo mar... entre estas duas actividades ele traz sempre ofertas gentilmente feitas por alguns dos funcionários do serviço florestal para casa, tais como abóboras, alfaces e queijos de cabra caseiros... mas traz também de vez em quando histórias com as quais eu me delicio e inspiro.

Com amor, da ilha.

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