Inominável Inominável #14 | Page 27

Desculpem, a tecla "shift" ficou presa. Enfim, da mesma forma que supostamente temos de vaciná-las, ou que supostamente temos de ensiná-las a atravessar a estrada, ou que supostamente temos de as afastar de música pimba, temos também, supostamente, de saber determinar se as formas de entretenimento que escolhemos para elas (ou que elas mesmo escolhem) são adequadas para as nossas crianças.

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JOGOS

Faço desde já notar que não vou em qualquer ponto deste texto tentar ser imparcial. Vou aplicar a minha moralidade, que adquiri através da minha cultura e vivências. Podereis aplicar as vossas à vontade. Se o meu caríssimo leitor for homem e ficar ofendido com este texto, peço que hoje, quando estiver a descarregar a sua frustração na sua família, bata apenas na sua mulher e que deixe a criança em paz. É Dia da Criança e tal. Uma abebiazinha, sim?

Pessoalmente, acho profundamente censurável que alguém fume ao pé dos próprios filhos. Acho chocante que os alimentem incorrectamente e que fiquem deficientemente nutridos (por falta ou por excesso). Acho estranhíssima a utilização de vernáculo grosseiro na presença deles. Este poderá parecer o discurso normal daquelas pessoas denominadas "flores de estufa", e não vos posso culpar que penseis isso, mas tendes de compreender que considero que numa sociedade como a portuguesa, com uma muito reduzida taxa de natalidade, cada criança e cada nascimento tornam-se individualmente mais importantes para o futuro.

No entanto, se calhar estou a exagerar. Se calhar estou a iludir-me com a falta de responsabilidade parental que estou a extrapolar a partir de alguns casos isolados menos bons. O ser humano tem tendência a fazer isso. Outrossim, reflicto que a grande maioria das pessoas que conheço não são totais incompetentes com a sua ninhada ao ponto de acidentalmente os colocarem no microondas. Não! Digo mesmo o contrário. O pessoal com quem me dou parecem-me ser bons pais.

Nº 14 - Junho 2018