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No momento presente, com a minha mãe já de volta ao continente (com muita pena dela), fazemos passeios mais arrojados, por caminhos mais sinuosos e desafiantes, vantagens de viver com alguém que conhece os segredos da ilha e faz da natureza o seu ambiente de trabalho: percorri pontos tão altos que podemos ver o lado norte e sul da ilha, embrenhei-me na natureza no mais lindo parque florestal que já vi, e fui visitar o farol fazendo um caminho tão íngreme que a subida deve ser bastante semelhante a uma via sacra! Tenho também treinado o olho para ver as aves, como os estorninhos, que cobrem o telhado da minha casa - e cantam como se estivessem na audição do “The Voice” -, as corujas e as águias de asa redonda que por aqui abundam, e que nesta altura começam a mudar de comportamento, a prepararem-se para o ritual de acasalamento.

Inominável

A aparição inusitada de animais já começa a ser corriqueira; um destes dias, estava eu a beber um café no terraço a aproveitar o sol, apareceu-me um pombo-correio identificado com a respectiva anilha. Não trazia nenhuma mensagem, mas suponho que estava cansado e achou que ali era um bom sítio para recuperar energias. Ficou no chão, curioso, e foi literalmente a andar para dentro da minha cozinha. Deu uma voltinha, observou tudo, e saiu pelas suas próprias patas, subindo um a um os degraus que levavam ao portão que

gentilmente lhe foi aberto... e lá foi ele a caminhar e a aproveitar o sol de sábado à tarde! Excesso de confiança pombalina cheia de graça...