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VIDA

Desde então, sem dúvida alguma que os casamentos evoluíram muito. Hoje as coisas não são tão simples quanto eu gostaria. Adorava o casamento debaixo de uma ramada, como muitos dos casamentos eram celebrados há muitos anos. Adorava um ambiente mais relaxado como o meu piquenique de sonho, mas a verdade é que o noivo quer acompanhar as novas tendências e lá vou eu atrás. Hoje em dia um casamento não é simplesmente um casamento, é um desfile de estilistas, uma combinação de pormenores, uma enchente de decoração, e até uma animação que faz a festa ganhar vida. Quando falamos em casamento, o primeiro pensamento que vem à mente é o vestido da noiva e a festa, o resto parece acabar por se perder no meio de tantos pormenores, tantas formalidades. E enquanto preparo o meu próprio casamento tenho-me apercebido cada vez mais disso; hoje há convites especiais para os padrinhos de casamento, há damas de honor e convites super catitas, e até há uma infinidade de meninos das alianças que levam extras para a entrada da noiva. O casamento hoje acaba por ser um bocadinho o “show-off”, e fica perdido o conceito de que o casamento é o momento de eternização do amor entre duas pessoas. Eu, enquanto pessoa que liga muito ao simbolismo, tenho-me preocupado mais com a igreja, a cerimónia, as músicas - quero escolher pormenorizadamente as leituras e até quero pensar em como posso personalizar a nossa cerimónia de casamento. Os outros pormenores? Esses ficam com o noivo, que gosta deles; sei que tenho de tratar das ofertas e das pétalas e de mais qualquer coisa, mas o que quero mesmo é casar-me. O que quero mesmo naquele dia é unir-me àquela pessoa que tão bem me faz, quero voltar atrás no tempo e ser como os meus pais, dar uma maior importância à cerimónia e fazer do resto cenário. Serei assim uma noiva tão estranha?

Nº 12 - Fevereiro 2018