Tanto mar...
DESOLADA
ELA PERGUNTA: por que demora e não esqueço
meu primeiro amor que foi levado pelo vento?
CANSADA
ELA CHORA: chego ao trono da insensatez desfeito
sozinha com a dor de ser nesta vida passageira.
SOLITÁRIA
ELA PENSA: um de nós espelha a humanidade inteira
somos fagulha, rastro na órbita do solidão
cada um é centelha que brilha um instante.
O tempo habita os corações, é como a traça.
O tempo constrói sua casa perfurando tecidos
deixa marcas, abre passagens.
Para a traça a ruína é morada,
para o coração cansado o tempo não passa.
(Os pensamentos dela sangram,
têm ritmo, têm pulso
e duram no tempo mesmo se dorme;
Os pensamentos dela
são estrias abertas na epiderme dum oceano,
fagulha centelha na órbita do engano)
INQUIETA
ELA CONCLUI: se o amor é dor profunda na carne,
a marca não some;
se o amor é evento distante, a dor não se mostra;
mas se aquele amor habita companheiro
o pensamento
é para a vida inteira ferida viva que dói,
mata e não sangra
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Inominável
Quando uma mulher ama
Brasil
baltazar