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Inominável
O Natal tornou-se um fenómeno que começa cada vez mais cedo. Se quando eu era criança os preparativos começavam na semana anterior, mais coisa menos coisa, hoje em dia o evento é planeado com meses de antecedência.
Esta situação tem um efeito diabólico nas crianças, que começam logo a chatear o Pai Natal e a sua mulher Popota com pedidos de tudo o que a publicidade (essa malvada) lhes enfia pelos olhos dentro. O efeito não é menos aterrador nos viciados em livros que, agora que penso nisso, por vezes mais parecem crianças.
Não vale a pena esconder, eu não gosto do Natal. Pronto, já disse.
Quero dizer, gosto de algumas coisas, como da comida e dos presentes. Vendo bem, é disso que toda a gente gosta, pois já ninguém se lembra de que o Natal em tempos foi a festa da amizade e da família, da partilha e dos encontros. Bom, como a comida é a área da Dona Pavlova eu vou falar dos presentes. Sendo que para mim só há um tipo de presentes: livros.
Eu não percebo porquê, mas as pessoas costumam dizer que é muito difícil comprar-me livros. Porque eu tenho muitos e têm medo de oferecer livros repetidos, ou porque não conseguem acompanhar as minhas leituras e não sabem o que mais me interessa no momento, e ainda porque (a minha favorita) já me deram livros e agora querem oferecer-me outras coisas.
O Natal e os
LIVROS
ANEXO
por Márcia Balsas